De longe sente-se o cheiro fétido que sai de uma tampa de bueiro localizada na porta de entrada do Mercado Público de Florianópolis, de frente para o Largo da Alfândega. A situação tem se arrastado há cerca de dois meses (ainda que tenha havido um breve período de "recesso" do mau cheiro), colocando em risco a saúde de quem trabalha e frequenta o local e afastando a clientela.

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— É um descaso total. Uma cidade turística, que está cheia de gente visitando o mercado e os restaurantes, com essa coisa horrorosa aí. É uma vergonha — reclama o auxiliar administrativo Carlos Rodrigues, de 59 anos, morador do Centro.

Se o forte cheiro nauseava os transeuntes na fresca manhã desta sexta-feira (18), o caro leitor pode imaginar como estava o ambiente nos dias em que os termômetros passaram dos 35°C. De acordo com o proprietário de uma lotérica que fica no Mercado Público, a situação é grave e exige rápida resposta.

— Está insuportável. Quer ver quando bate o sol forte… Não tem como ficar aqui. A gente baixa as portas (pra tentar diminuir o cheiro), mas muita gente acaba indo embora. Isso aqui já virou um problema de saúde pública — alerta Elson Rosa, de 57 anos.

O mau odor que se arrasta há semanas tem espantado os clientes, principalmente, dos restaurantes do Mercado Público. O gerente do Bar do Elói, no Box 39, o mais perto do local, diz que se tornou comum os clientes levantarem da mesa para ir embora.

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— Está muito feio, estamos perdendo cliente. O pessoal senta na mesa, mas na hora que sente o cheiro cancela o pedido e vai embora — lamenta Alex Machado.

O relato do gerente do restaurante é atestado pelas primas Delane Fernandes, 35, e Priscila Florentino, 29, que vieram de Palhoça passear com as filhas no Centro. Ao passar pelo local, ficaram com receio pela saúde das crianças.

— Em pleno Centro de Florianópolis uma situação dessas. É horrível, não é? Imagina que ainda temos que passar ali, correndo o risco de pisar naquela água — disse Delane.

Jogo de "empurra"

Comerciantes do Mercado Público dizem que a culpa pelo esgoto a céu aberto é da Casan. Segundo o proprietário da Peixaria do Chico, que fica próxima ao bueiro em questão, a empresa responsável pelo saneamento na cidade esteve trabalhando no local no final do ano passado, mas o problema voltou depois de uma semana.

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— Tem mais de dois meses que está assim. Há uns 20 dias a Casan veio aqui e arrumou, mas o problema logo voltou. Nós pagamos a taxa de esgoto equivalente a 100% do gasto com água, mas não temos retorno do serviço. Um mercado novo, bonito, não pode ter um esgoto desses — critica Marcelo Jaques, de 48 anos.

A Casan, por outro lado, afirma que o problema é fruto do entupimento e transbordo das caixas de gordura dos estabelecimentos comerciais do Mercado Público. Por meio da assessoria de imprensa, a empresa afirmou que irá fazer uma vistoria no local, na próxima segunda-feira, em conjunto com a equipe do programa municipal "Se Liga na Rede", a Floram e a Vigilância Sanitária.

"Estamos acompanhando a situação, somos um parceiro para resolver isso, mas o problema vem se estendendo por causa da sujeira depositada na rede de esgoto e nas caixas de gordura. Não há rede que suporte essa quantidade de gordura e escamas de peixe. Com o movimento de verão, essa quantidade aumenta. Vários comerciantes, inclusive, já foram notificados. Segunda-feira faremos uma vistoria", informou a Casan via assessoria de imprensa.