O relatório das interceptações telefônicas que integra o processo da Operação Trato Feito, deflagrada na semana passada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), em Balneário Camboriú, mostra uma tentativa de ocultação de provas logo após o cumprimento dos primeiros mandados de busca e apreensão.
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A situação foi o que levou a um novo pedido de diligências, cumprido um dia após iniciada a operação que apurou suspeitas de fraudes em licitações na cidade e levou 14 pessoas à prisão. O fato está no documento de 900 páginas que o Sol Diário – site do Grupo RBS – teve acesso.
Durante as primeiras buscas o Gaeco descobriu que familiares do presidente da Companhia de Desenvolvimento e Urbanização (Compur) de Balneário Camboriú, Niênio Gontijo, tentaram desaparecer com documentos da obra da Passarela da Barra, uma das colocadas sob suspeita pelo Ministério Público de Santa Catarina. Até agora, sabe-se que a passarela custou pelo menos R$ 28 milhões em recursos públicos.
Ao longo da investigação foi apurado que Niênio, um dos alvos da ação e que continua preso, possuía sempre com ele uma pasta de cor preta com alça, a qual conteria documentos referentes à obra da passarela.
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Pasta teria caderno com anotações da obra
Na pasta haveria inclusive um caderno com todas as anotações de serviços e gastos, motivo pelo qual no momento das buscas a equipe lhe indagou acerca do objeto. Ao cumprir as buscas, Niênio e seu filho disseram ao Gaeco que não sabiam onde ele (o pai) havia deixado a pasta, que não fora encontrada.
Ao chegar à base, o Gaeco verificou as interceptações do telefone fixo de Niênio e constataram a existência de um diálogo entre familiares dele e uma empregada, a qual teria levado a pasta para o apartamento da mãe de Niênio, que fica no mesmo prédio. Nas diligências documentos foram encontrados, mas o Gaeco não confirma se são os documentos da pasta.
Contraponto
Niênio Gontijo, presidente da Companhia de Desenvolvimento e Urbanização de Balneário Camboriú (Compur)
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O telefone celular pessoal de Niênio seguia desligado nesta terça-feira. A reportagem também tentou contato com o advogado Oswaldo Horongozo Filho, mas não obteve sucesso. Por telefone, a assistente de Oswaldo informou que não seria possível conversar com ele durante esta semana.