Um escritório de Porto Alegre sofreu buscas na 18ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada nesta quinta-feira: o Portanova & Advogados Associados, localizado na Rua Vigário José Inácio, no Centro. O objetivo era coletar documentos relativos a uma causa defendida pelo escritório que resultou no recebimento de R$ 270 mil.

Continua depois da publicidade

O valor foi enviado pela Consist Business Software, empresa suspeita de lavar dinheiro, entre outros, para o Partido dos Trabalhadores (PT). A Consist teria feito repasses financeiros para o PT por solicitação de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do partido. A informação foi repassada por Milton Pascowitch, delator da Lava-Jato, que afirma ter usado a Consist para intermediar o pagamento de propina em obras.

Nova etapa segue fase que prendeu Dirceu e mira favorecimento ao PT

Delator pagará multa de R$ 70 milhões aos cofres da Petrobras

Continua depois da publicidade

Pascowitch diz ter firmado contratos simulados entre a sua empresa, a Jamp, e a Consist. Os contatos com a Consist se dariam com o presidente da empresa, Pablo Alejandro Kipersmit, e com o diretor jurídico, Valter Silverio Pereira. Parte dos repasses, de cerca de R$ 12 milhões, teria sido feito em espécie.

A Lava-Jato informa que o escritório de advocacia Portanova & Advogados Associados teria recebido R$ 270 mil entre janeiro e maio de 2015 da Consist Business Software para “serviços continuados com relação a defesa e acompanhamentos de processos trabalhistas dos funcionários da empresa”.

Porto de Rio Grande: União e empreiteira dizem que dragagem segue padrões do TCU

Irmão de Dirceu diz que recebeu R$ 30 mil mensais de lobista

Os investigadores da operação querem saber a legalidade e o objetivo desses contratos. Na ordem de busca e apreensão determinada pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, relativa aos contratos da Consist, foi autorizada a apreensão de:

Continua depois da publicidade

– Todos os contratos, notas fiscais, relatórios, documentos de comprovação de fornecimento de serviços, correspondências físicas ou eletrônicas, relacionadas a eles;

– Todos os contratos, notas fiscais, relatórios, demonstrativos, extratos relacionados à destinação ulterior dada aos aludidos recursos pagos ao escritório;

– HDs, laptops, pen drives, smartphones, arquivos eletrônicos, de qualquer espécie, agendas manuscritas ou eletrônicas, dos investigados ou de suas empresas, quando houver suspeita, que contenham material probatório relevante, como o acima especificado.

Continua depois da publicidade

O advogado Daisson Silva Portanova, um dos sócios do Portanova & Advogados Associados, explicou que foi contratado pela Consist em outubro de 2014 para prestação de serviços de consultoria e assessoria trabalhista e previdenciária, acompanhando processos na Justiça do Trabalho e emitindo pareceres. Pela atividade, cobrava honorários mensais.

Portanova confirmou que até metade de maio recebeu R$ 270 mil, mas, a partir deste período, a Consist deixou de efetuar pagamentos, devendo ainda ao advogado R$ 240 mil.

– Não tenho nada com a Consist além de uma relação de trabalho. Não sabia que essa empresa teria ligações com a Petrobras ou com outra estatal. Agora entendo por que pararam de pagar – afirmou o advogado, reconhecendo que as buscas em seu escritório causaram um certo constrangimento.

Continua depois da publicidade

À Rádio Gaúcha, Portanova disse que deve haver o cruzamento de dados da contabilidade, das notas e de e-mails que foram trocados com o jurídico da empresa.

– Esse é o material que foi recolhido pela PF a partir de um mandado expedido, o qual foi cumprido com tranquilidade – afirmou.

Portanova salientou que conhece José Dirceu como figura pública, sem qualquer tipo de contato pessoal.

Continua depois da publicidade

* Zero Hora