Na linha de frente do caso dos “Paradise Papers”, o escritório de advocacia Appleby fornece assessoria de investimentos offshore a empresas, companhias financeiras e pessoas muito ricas.
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Ele está no centro das atenções desde domingo (5), graças às revelações do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), baseado no vazamento de 13,5 milhões de documentos, dos quais metade são provenientes do Appleby.
Os documentos divulgados por jornais de diversos países lançam luz sobre as práticas de políticos, personalidades e empresas do mundo inteiro em termos de otimização fiscal. Essa ação consiste em utilizar instrumentos jurídicos lícitos, tanto em nível nacional, quanto internacional, para pagar menos ou até nenhum imposto.
Fundado no fim dos anos 1890 pelo jurista Reginald Appleby nas ilhas Bermudas, o escritório se expandiu a ponto de chegar às dez filiais atuais, sobretudo em territórios que aparecem frequentemente nas listas de paraísos fiscais.
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O Appleby hoje está presente nas Bermudas, nas Ilhas Virgens Britânicas, nas Ilhas Cayman, na Ilha de Man, nas Ilhas Maurício, em Guernsey, em Jersey e em Seichelles. Ela também tem pernas em centros de negócios chineses de Hong Kong e Xangai.
Com 470 funcionários, sobretudo juristas, dos quais 60 são “associados”, o escritório explica em seu site que oferece “serviços sofisticados e especializados”, nos domínios da gestão de empresas, da resolução de conflitos, da regulamentação, da propriedade e dos trustes.
Ele afirma que executa “soluções práticas” para fazer frutificar os negócios de seus clientes, “quer seja em um lugar único, ou em múltiplas jurisdições”.
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O Appleby ganhou diversas recompensas por seu desempenho nos negócios offshore, ou seja, em juridições estrangeiras, oferecendo, geralmente, vantagens fiscais a não residentes que não têm nenhuma atividade concretas nesses territórios.
A revista especializada The Lawyer classificou-o como escritório de advocacia offshore em 2010.
Já a empresa de análise Chambers and Partners explica em seu site que o Appleby é o principal escritório da Ilha de Man para o acompanhamento de empresas e a resolução de conflitos. O Appleby também está entre os escritórios mais visados em Jersey, nas Ilhas Cayman, nas Bermudas e nas Ilhas Virgens Britânicas, segundo a mesma fonte.
Na segunda-feira, o Appleby destacou que os documentos do seu escritório usados pela imprensa no âmbito do “Panama Papers” não surgiram de “um vazamento, mas de um ato criminoso”, sugerindo a ação de hackers.
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O escritório também destacou que investe “de forma importante” para melhorar seu funcionamento e pediu desculpas a seus clientes “pelas dificuldades que seguiram esse incidente”.
De acordo com o jornal Royal Gazette, das Bermudas, a Appleby reservou 500 mil dólares para pagar uma multa às autoridades de regulamentação das ilhas, a fim de compensar as falhas na luta contra a lavagem de dinheiro.
* AFP