A escritora, colunista do Jornal de Santa Catarina no caderno Donna e cronista Martha Medeiros, 55 anos, participa hoje à noite de uma conversa descontraída no Elas Neumarkt, em Blumenau. O tema? Martha fala sobre o cotidiano, claro, e as questões atuais do universo feminino.

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Durante o bate-papo mediado pelo jornalista do Diário Catarinense, Cristiano Santos, o público terá uma conversa descontraída com Martha. Em entrevista ao Santa, a autora de 23 livros – entre ficção, poesia e coletâneas de crônicas -, que já soma mais de 1 milhão de exemplares vendidos e tem obras adaptadas para cinema e teatro, fala um pouco sobre as três décadas de carreira, o feminismo e as inspirações. Confira:

De que maneira a arte de escrever entrou na sua vida?

Martha Medeiros – Não foi de modo intencional. Comecei a carreira como redatora publicitária em agências, e em meio a isso comecei a escrever poemas como uma forma de expressão pessoal. A crônica só entrou na minha vida quando fiz 30 anos, através de um empurrão de um amigo, eu nem objetivava escrever em jornal. Mas tudo evoluiu e aqui estou, feliz com o desdobramento da minha vida. Escrever é sempre terapêutico, mais uma ferramenta de autoconhecimento, e é também uma atividade artesanal: juntar palavras é uma espécie de tapeçaria, de escultura, de projeto arquitetônico. Gosto desta “manufatura”.

Como era ser escritora em 1985, quando você lançou Strip-Tease, e como é ser hoje? Há mais espaço para elas?

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Martha – As mulheres vêm conquistando mais espaço em todas as áreas, não só na literatura. Mas quando comecei não tive dificuldades, fiz minha estreia numa coleção (Cantadas Literárias) que publicava Alice Ruiz, Ana Cristina Cesar, e essa nova voz feminina contemporânea era muito bem-vinda. Antes delas, já tínhamos Cecília Meirelles, Raquel de Queiroz, Adelia Prado, Hilda Hilst, Nelida Pinon, Zelia Gattai e tantas outras. Jamais desenvolvi esse olhar que segmenta o “nós” e o “eles”, nunca me avaliei como sendo um contraponto à literatura masculina, não tenho esse perfil. Para mim é tudo “nós”.

Suas crônicas abordam diferentes universos, mas em especial o cotidiano da mulher. Você é feminista declarada?

Martha – Escrevo sobre o universo feminino por causa da natural familiaridade que tenho com ele, sendo mulher, mas nunca almejei ser uma porta-voz, tanto que meus textos alcançaram os homens significativamente e isso me faz acreditar que não existe monopólio das mulheres em assuntos que envolvem a condição humana. Falo de amor, família, liberdade, dores de cotovelo, medo da solidão, dificuldade de envelhecer, as armadilhas da paixão, e tudo isso é unissex. Eu não sou uma feminista ativista, mas sou feminista como qualquer mulher que defenda a igualdade entre os gêneros. Me sinto muito à vontade para declarar: amo os homens. Amar é diferente de precisar.

Como a Martha que fazia poesias nos anos 1980 se transformou nesta que hoje fala sobre comportamento e os desafios da mulher contemporânea?

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Martha – Escrever é ambíguo. Ao mesmo tempo que é uma forma generosa de compartilhar reflexões e de fazer diferença na vida de outras pessoas, também é uma forma de autoinvestigação, de exorcismo dos próprios demônios, de decantar as impurezas, de alimentar a vaidade, enfim, tem um lado egocêntrico também.

No ano passado você completou 30 anos de carreira como escritora e 20 como cronista de jornal. Como você se inspira?

Martha – Assunto sempre tem, é só abrir o jornal, o mundo está incandescente, o Brasil nem se fala, mas eu prefiro transitar naquilo que é aparentemente pequeno, miúdo: o que acontece dentro de nós. É no universo pessoal que me sinto em casa, e aí é um esforço danado para tentar buscar o “novo”: eu leio, eu ouço música, eu vou ao cinema e ao teatro, eu viajo, vou a exposições – a arte me abastece. E sou uma boa conversadora, adoro um bate-papo íntimo com os amigos. Sou uma apaixonada pela complexidade humana.

PROGRAME-SE

O quê: bate-papo com Martha Medeiros, no Elas Neumarkt

Quando: hoje, às 19h30min

Quanto: gratuito

Onde: no Neumarkt Shopping, Rua 7 de Setembro, 1213, Centro