O convite de Ignácio de Loyola Brandão é para assistir à cerimônia de corte da última árvore do planeta. A bebida servida na ocasião será urina reciclada. Os visitantes da Feira do Livro de Joinville, no entanto, podem ficar tranquilos: nada disso ocorrerá nesta terça-feira, mas no futuro tenebroso apresentado em “Não Verás País Nenhum”, livro publicado por Loyola Brandão em 1981 e reeditado em 2007 pela Editora Global, que servirá de base para a palestra que o escritor profere em dois horários na feira.
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Maior sucesso editorial do autor, a obra era uma premonição assustadora sobre o futuro do planeta e que, 31 anos depois, parece estar bem perto de tornar-se real.
Não que Loyola Brandão seja um pessimista. Pelo contrário, ele apenas enxerga a si mesmo como alguém que, preocupado em alertar a população, teve uma visão bastante adiantada do que poderia acontecer com o meio ambiente se a ação humana continuasse da mesma forma que nos anos 70, quando começou as pesquisas sobre aquecimento global, camada de ozônio e, principalmente, doenças causadas pelo sol, pelo aquecimento e pela poluição (o protagonista do livro acorda e descobre um misterioso buraco na própria mão).
“Não Verás País Nenhum” chamou tanto a atenção que já está na 25ª edição – com uma edição de aniversário esgotada – e é o mais traduzido entre todas as obras do escritor. Para produzi-lo, Loyola reuniu seu lado romancista com a vertente de jornalista. Ele tem passagens por revistas da Editora Abril e pela Editora Três e foi crítico de cinema nos anos 60 e 70, além mais de 30 livros publicados entre contos, romances, infanto-juvenis, biografias e peças de teatro.
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Em 2008, recebeu um Prêmio Jabuti pelo livro “O Menino que Vendia Palavras”, história inspirada na própria infância: quando garoto, Loyola Brandão era tão apaixonado por palavras que as trocava ou vendia por bolinhas de gude.