Um grupo de escoteiros de Blumenau deu exemplo de sensibilidade e inclusão ao receber um integrante com deficiência física. Percebendo que o amigo não conseguia fazer todas as tarefas juntos com a tropa, eles se engajaram para criar uma engenhoca que agora permite a Weivid Gabriel Santos Chaves participar até das atividades que antes pareciam impossíveis, como uma caminhada de 12 quilômetros.

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O sorriso e o sinal de joia ao sair para a primeira aventura externa não deixam dúvida sobre a felicidade do garoto de 13 anos. Ainda assim, a mãe traduz o sentimento daquele dia em palavras:

— Ele ficou bastante feliz porque ia poder participar das atividades fora da sede — revela Misleidy Daniely dos Santos.

O começo da jornada

Gabriel entrou para tropa Escoteira Mosqueteiros do Vale, do Grupo Escoteiro Germânia, depois de tanto insistir com a mãe, porque um amigo dele participava. Misleidy estava preocupada porque o filho caminha com a ajuda de uma espécie de andador. A condição é decorrência do diagnóstico de mielomeningocele. Até que no fim do ano passado ela se rendeu ao pedido do filho.

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— Com medo, fiquei dias pensando, por causa das dificuldades que ele tinha. Mas um dia levei, e ele amou. Ficou até hoje — conta.

O garoto foi o primeiro com deficiência física a entrar para a tropa. Fazia as atividades que eram possíveis, muitas vezes adaptada e sempre com a ajuda da mãe. Aí em janeiro desse ano o grupo organizou um piquenique no Parque Ramiro Ruediger e percebeu que o novo integrante não estava incluído nos passeios e em algumas brincadeiras, conta o chefe Claudio Luis dos Santos.

— A mãe comentou que ele se sente excluído de atividades na escola e que isso o deixava triste. A ideia partiu dos chefes escoteiros, pensando numa maneira de inclusão. A proposta foi apresentada para os escoteiros e aos pais durante a primeira reunião da seção, em março, e foi aprovada por unanimidade — explica.

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Ali começava uma história de aprendizado mútuo que logo teria um capítulo marcante para Gabriel. Chefes e escoteiros pensaram em um modelo de veículo que desse ao adolescente condições seguras de ir para as atividades com eles. Fizeram o esboço do projeto, os orçamentos e foram atrás de dinheiro e parcerias para tornar a proposta realidade.

O dia da surpresa

Gabriel sabia do empenho dos colegas para incluí-lo nas atividades, mas acabou surpreendido pelos amigos no dia em que haveria uma caminhada de 12 quilômetros entre o bairro Encano e o Centro de Indaial. Quando todos estavam prontos para colocar o pé na estrada, surgiu a “Gabrielly”, nova parceria dele para aventuras.

— Todos percebem nele a ansiedade e a alegria em utilizar esse triciclo. Ele sente muitas dores ao utilizar o andador e possui diversas necessidades especiais. Sua mãe sempre o acompanha em todas as atividades e sempre era responsável por conduzir ele nos braços, na maioria das vezes. Essa responsabilidade agora é da tropa escoteira. Ele mesmo já citou que é um momento de “liberdade” — confidencia Claudio.

Gabrielly, como foi batizada a engenhoca, é um triciclo que ganhou adaptações. São duas espécies de braços na frente com freios, onde um escoteiro fica para controlar a velocidade. Na parte de trás, outra barra para o segundo escoteiro auxiliar nas manobra. Gabriel vai sentado no meio e, claro, preso ao cinto de segurança.

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— A reação dele não tem explicação e nem palavras pra descrever. Incrível. Nem imaginava que isso podia acontecer. Eu sou muito grata a eles por fazer isso por meu filho — diz a mãe.

Veja fotos da engenhoca criada para Gabriel

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