Nesta semana, uma colega perguntou onde fica São Carlos, em Santa Catarina. Sua frase ainda estava na metade e respondi: no Oeste. Lembrei de imediato porque rapidinho me transportei a 1991. Integrava a equipe do jornal que cobria os Jogos Abertos em Chapecó. Era manhã bem cedo, eu e o fotógrafo Sidnei Cruz – já falecido – seguíamos para São Carlos para acompanhar uma prova de ciclismo. Íamos em um Escort preto que o “AN” tinha e foi o único Escort desta cor que vi na vida. Estávamos nele quando o Sid, na boleia, bobeou numa conversão e fomos atingidos por um Passat. Fiquei o resto do dia no hospital, para observações, com dores e arranhões. Como perdemos um carro para voltar a Joinville, ao fim dos Jasc, o Narciso Baptista despachou a mim e ao Anildo Jorge via Reunidas, um pinga-pinga de Chapecó a Joinville, que parecia parar onde houvesse uma luz acesa. Interminável viagem noturna. Tudo isso me fez lembrar de São Carlos – a cidade que não cheguei a conhecer por causa da esbarrada com o Passat – quando a colega perguntou. Deve ser a tal memória fotográfica.
Continua depois da publicidade
Leia as últimas notícias de Joinville e região.
Confira outras colunas de Edenilson Leandro.
Coisas estranhas se passam diante de mim. No recente feriado, aproveitamos para uma geral no quintal, retirando as folhas que o vento encosta nos cantos, o cocô dos cachorros que por ventura tivesse escapado ao arrastão diário, um matinho que medrava no vão da lajota. Feita a varrição, colocamos tudo em um saco plástico transparente, destes que, dentro, tanto pode vir um micro-ondas quanto uma boneca de um metro. E acrescentamos o lixo do banheiro e alguma coisa que estava na cozinha – sachês de ketchup, guardanapos etc. Tudo não deu três quilos – calculo – e ocupou apenas metade da saca. Que foi amarrada. Era dia de passar o caminhão do lixo. Peguei este saco e outro, preto, específico para lixo, que já estava “abastecido” havia dias, e levei-os ao suporte junto ao muro.
Para surpresa geral, quando a coleta passou, levou o saco escuro, que se compra especificamente para lixo. Deixou o outro, transparente, e suas coisas de varrição, banheiro e cozinha – nada demais, nenhum cadáver, nenhuma parede demolida. O que havia num e noutro era praticamente o mesmo tipo de detrito, a diferença era o recipiente. Dali a dois dias, a coleta passaria de novo e fiz teste. Peguei o saco rejeitado pelos garis e o coloquei dentro de um saco preto de lixo, amarrei e o deixei no suporte novamente. Nem uma casca de banana foi acrescentada. Desta vez, levaram. Não é estranho? Cheguei a imaginar estar sob a ação da máfia do saco de lixo. Exagero, obviamente. A prova dos nove é que alojou pulgas atrás da orelha.
Continua depois da publicidade