Os 133 cardeais reunidos na Capela Sistina decidiram nesta quinta-feira (8) por Robert Prevost, de 69 anos, como o novo papa, Leão XIV. A escolha rápida, que indica uma igreja unida, caminhou em direção de um perfil voltado às questões externas da Igreja, de continuidade com o legado de Francisco e com qualidades pastorais, mas também administrativas.

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É o que pontua o professor de Sociologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e autor do livro “Para onde vai a Igreja Católica”, Carlos Eduardo Sell. Ele explica que o conclave curto, resolvido em apenas dois dias, mostra uma unificação da Igreja.

— A rapidez da eleição indica uma igreja unida que soube unificar suas divergências. O fato dos cardeais terem eleito alguém que não era um “papável” conservador (Erdo, Sarah, etc.) ou da “esquerda-liberal” mostra que houve uma boa articulação interna — afirma.

Carlos Sell explica que a escolha do nome Leão XIV faz um conexão simbólica com o último papa a escolher esse nome, Leão XIII, que foi o papa da “questão social”. Ele foi o primeiro papa a publicar uma encíclica (Rerum Novarum, em 1891) sobre os problemas da era da industrialização.

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Veja fotos do papa Leão XIV

O professor analisa ainda o primeiro discurso feito pelo papa Leão XIV para os milhares de fiéis que aguardavam o resultado na Praça São Pedro, no Vaticano.

— O discurso do papa foi centrado mais nas questões externas do que internas da Igreja. Ele falou de um mundo de “paz desarmada e desarmante”. Suas primeiras palavras foram, portanto, de cunho social — afirma.

Também no primeiro discurso, ele estabeleceu uma continuidade com Francisco, segundo o sociólogo. Na fala, agradeceu e homenageou o antecessor, do qual era próximo e que o tornou cardeal em 2023. Ainda, repetiu lemas de “uma igreja missionária” e “aberta a todos”.

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— Em termos de perfil pessoal, ele reúne duas qualidades. É um homem de experiência pastoral, que trabalhou no Peru. Ao mesmo tempo, era um administrador da cúria, ou seja, tem experiência administrativa— destaca Carlos Sell.

O sociólogo e autor do livro “Para onde vai a Igreja Católica” afirma que ainda que mantenha uma continuidade, Leão XIV tem um perfil mais “circunspecto”.

— Ele fez um discurso lido e parece mais circunspecto, apesar de simpático. Deve ser um papa mais cauteloso e menos dado a improvisos — afirma.

Quem é o novo papa

Robert Francis Prevost nasceu em Chicago, nos Estados Unidos, em 1955. Aos 69 anos, o cardeal era prefeito do Dicastério para os Bispos desde 2023, como substituto do cardeal Marc Ouellet, sendo responsável por nomear bispos.

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Apesar de ser americano, parte de sua trajetória na Igreja foi no Peru. Ele foi missionário no país por mais de 10 anos, durante o governo Fujimori. Leão XIV tem, inclusive, cidadania peruana, obtida em 2015.

Em 1977, Prevost entrou no noviciado da Ordem de Santo Agostinho e fez seus votos solenes em 1981. Foi ordenado sacerdote em 1982, após concluir o Mestrado em Divindade no Catholic Theological Union em Chicago.

Formado em Teologia nos Estados Unidos e em Direito Canônico em Roma, o novo papa Leão XIV foi nomeado bispo de Chiclayo por Francisco em 2015. Depois disso, assumiu a liderança do Dicastério para os Bispos.

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