Notícias Argentinas – Como recebeu a notícia do novo papa?
Jorge Eduardo Lozano – Com muita emoção. Com muita alegria e uma grande surpresa. Mesmo que todos os cardeais eleitores tenham chances, sinceramente tenho que dizer que ele estava entre os dez possíveis papáveis. Bergoglio teve grande feitos tanto em Roma como na América Latina. A nacionalidade não importa tanto. Acredito que o perfil do novo papa começou a surgir quando os cardeais se reuniram e ficaram esses dias analisando e compartilhando preocupações. Esse perfil se refere a duas coisas: a primeira, esse é um homem capaz de compreender os processos globais e de entender o que está acontecendo no mundo. E segundo, percebe quais são os processos originais próprios de cada cultura, de cada continente, que nos nossos tempos tem tantas particularidades.
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NA – Ele tem a característica do equilíbrio para atender as questões da Cúria e também encorajar a tarefa pastoral?
Lozano – Sem dúvida. Essas particularidades foram duas experiências que ele viveu em Buenos Aires. Foi um pastor dedicado para que a Cúria funcionasse como um serviço de verdade para a Arquidiocese de Buenos Aires. Ele não ficou restrito a essa tarefa, mas percorreu os bairros, especialmente os mais pobres, e teve contato direto com as pessoas. Isso o faz um homem com o perfil que estamos precisando.
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NA – Como conheceste Bertoglio?
Lozano – O conheci quando o designaram bispo auxiliar de Buenos Aires. Sabia que era jesuíta e que estava morando em Córdoba naquela época, no início dos anos 90. Logo começou a participar das reuniões e lá o fui conhecendo com mais profundidade. Depois fui seu colaborador como coordenador da tarefa pastoral em 1998. Quando ele já era arcebispo de Buenos Aires, me designaram bispo auxiliar em 2000 e trabalhei ao seu lado até 2006, quando assumi como bispo de Gualeguaychú.
NA – É um papa não-europeu e que assume logo que outro renunciou o cargo…
Lozano – Me parece que o fato dele não ser europeu está vinculado a esse processo de catolização, de universalização da Cúria Romana, que começou com Paulo VI. Esse processo está ligado com ter outras perspectivas. Um amigo meu sacerdote disse que “estão soprando ventos do sul”. E esse amigo já dizia que o próximo papa seria do hemisfério sul e antecipava que provavelmente poderia ser da América Latina e, com menores possibilidades, da Ásia e África.
NA – É um estímulo que ele seja argentino ou não faz diferença?
Lozano – A princípio, devo dizer que não importa a nacionalidade do papa, porque assume uma tarefa vinculada com o mundo. Nesse sentido, apoio o papa independente de sua nacionalidade. Mas, para a Igreja argentina, mais que um estímulo, é um chamado à responsabilidade. E é uma responsabilidade maior de estar à tona com suas orientações.
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