Florianópolis registrou 63 surtos de Covid-19 em escolas ao longo deste ano, com sete deles ainda ativos. Os episódios em salas de aula envolveram 351 casos da doença. As ocorrências nas escolas representam 56,25% dos 112 surtos de Covid investigados pela Gerência de Vigilância Epidemiológica (GVE) na cidade ao longo do período.
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Os surtos nas escolas indicam como a educação tem sido negligenciada por governos no combate à doença, segundo aponta recente estudo da Rede de Pesquisa Solidária.
A pesquisa aborda como as escolas foram atingidas e pondera sobre políticas públicas adotadas em resposta à pandemia em todo o país. Porém, ao tratar de surtos, cita apenas dados de Florianópolis e do Rio de Janeiro, o que já sinaliza parte do problema. A rede diz que não há registros a nível federal que tratem de surtos nas escolas. Isso depende de iniciativas isoladas, o que compromete a busca por soluções.
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“São poucos os municípios que têm sido proativos neste sentido e possuem um retrato desse cenário”, escreve a Rede de Pesquisa Solidária, criada por pesquisadores ao longo da pandemia para investigar as iniciativas de governos em resposta ao novo coronavírus.
Na altura em que a pesquisa foi feita, Florianópolis registrava 56 surtos de Covid nas escolas, também equivalente a 56% do total, de 18 de fevereiro ao último dia 24. Entre eles, 66% eram da rede privada, 30,4% da municipal e outros 3,6%, da estadual. O grupo de pesquisadores diz que os números contrastam com as políticas adotadas.
“Mesmo as escolas sendo responsáveis pela maior parte dos surtos registrados, medidas simples e eficazes, como o uso de máscara, que foi desobrigado, e a ventilação e o monitoramento da qualidade do ar, são praticamente inexistentes, como camadas de proteção”, diz o estudo, que cita o baixo índice de vacinação como outro agravante.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que apenas 41% das crianças de cinco a 11 anos em Florianópolis têm o esquema vacinal primário contra a Covid completo. Entre adolescentes, de 12 a 17 anos, esse índice está em 71%.
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Já a gerente de Vigilância Epidemiológica no município, Ana Vidor, reconheceu, por meio da assessoria da SMS, que a desobrigação do uso de máscaras pode facilitar a ocorrência de surtos. A reportagem questionou por qual motivo então a gestão municipal não retomou o uso obrigatório ao menos nas escolas, mas não teve resposta.
A Rede de Pesquisa Solidária aponta ainda que a resposta à Covid nas escolas lida ao longo da pandemia com falta de coordenação do governo federal e de investimentos adequados, o que agrava desigualdades entre alunos.
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Pouca articulação entre secretarias de Saúde e Educação
O grupo de pesquisa também diz que existe pouca articulação entre secretarias de Saúde e Educação até para elaborar protocolos nas escolas, o que acirra a crise.
Em Florianópolis, os surtos de Covid também tiveram números expressivos em asilos, também chamados de Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), com 31 episódios, e unidades de saúde, com oito ocorrências. Todos esses estabelecimentos, assim como escolas, têm a obrigação de comunicar a GVE sobre suspeitas de surtos.
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Já outros espaços não têm esse dever, tendo episódios apurados apenas a partir de denúncias ou de informações do próprio investigado, o que torna eles mais passíveis de terem registros oficiais que não condizem com a realidade.
Entre os surtos já identificados, não há nenhum em empresas, por exemplo. Abrigos e órgãos públicos tiveram seis e um, respectivamente. Já uma categoria da GVE que envolve outros estabelecimentos, sem definição mais específica, somou três episódios.
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