*Por Mike Seely

Amy Jackson, professora de educação infantil na Center School em Greenfield, Massachusetts, se lembra de um dia chuvoso há alguns anos, quando estava ao ar livre com seus alunos.

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Eles acreditavam estar preparados. Todo mundo veio com roupa de chuva, e cordas e lonas foram usadas para erguer um abrigo improvisado. Mas logo as crianças estavam “frias, molhadas, desanimadas”, e voltar para dentro acabou sendo inevitável.

“O único aluno de bom humor era o que usava um traje de chuva da Oaki”, disse Jackson, referindo-se à empresa que fabrica roupas para crianças.

A Center School se comprometeu com um currículo ao ar livre neste outono boreal para se proteger da disseminação do coronavírus entre seus alunos e funcionários. Tendas e mesas ao ar livre foram instaladas para criar salas de aula a céu aberto. A escola também recomendou que os pais comprassem trajes de chuva da Oaki para as crianças, com preços que variam de US$ 60 a US$ 70.

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Eles não são os únicos. Com várias escolas dos EUA optando pela educação ao ar livre, em vez dos espaços interiores tradicionais com o ar potencialmente mais contaminado, a demanda por trajes de chuva da Oaki “tem sido esmagadora”, comentou Sam Taylor, executivo-chefe da empresa, sediada perto de Salt Lake City, em Utah. O mesmo acontece com outras marcas que vendem esse tipo de produto, algumas das quais estão lançando novas linhas ou redefinindo as já existentes para faturar com a mudança da experiência educacional causada pela pandemia.

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(Foto: Tony Luong / The New York Times)

Taylor afirmou que a demanda por produtos da Oaki aumentou 60 por cento este ano, um desafio porque a empresa enfrenta atrasos relacionados à pandemia de seus fabricantes na Índia e no México. Como resultado, está dando prioridade às escolas ou aos pais, em detrimento das grandes lojas. Também começou a comercializar uma linha de meias de lã que não precisam ser lavadas todos os dias, em resposta a um pedido de uma escola de Vermont. “Há inúmeras pesquisas mostrando como é mais produtivo estar ao ar livre. Não há razão para que um pouco de umidade ou de chuva acabe com isso. Na verdade, esse é um lado positivo, caso você tenha a roupa certa”, observou Taylor.

Quem procura materiais à prova d’água também recorre à Rite in the Rain, empresa centenária com sede em Tacoma, Washington, que vende produtos impermeáveis, incluindo cadernos e papel de impressora. “Começamos com um papel de fibra virgem resistente à umidade, depois o tratamos em uma máquina patenteada, com processo e fórmula também patenteados”, disse Ryan McDonald, o diretor de marketing. Esse processo faz com que a água não seja absorvida pelo papel, permitindo a escrita.

Cinquenta por cento das vendas da Rite in the Rain são para o governo dos EUA, principalmente os militares. Mas, além de “negócios bastante decentes com livrarias universitárias”, McDonald revelou que não tinha se concentrado muito nos alunos até recentemente, quando houve um aumento nos pedidos de escolas de ensino fundamental e médio.

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(Foto: Tony Luong / The New York Times)

A Bienenstock Natural Playgrounds também mudou seu foco. A empresa canadense que tem um escritório em Denver, no Colorado, projeta e constrói playgrounds escolares. Quando, porém, a pandemia fechou as escolas em março, “foi o fim desse aspecto do negócio”, comentou Adam Bienenstock, fundador e principal designer da empresa.

Mas Adam Bienenstock estava preparado, graças a seu pai, o imunologista John Bienenstock. “Começamos a falar sobre isso por volta do Natal, sobre como nosso sistema imunológico reagiria a isso; como este era o momento”, contou Bienenstock.

Então, a empresa começou a criar salas de aula ao ar livre feitas de madeira, chamadas OutClass, que as escolas podem montar em menos de um dia. Ele disse que as consultas por seus produtos, feitas por administradores escolares, aumentaram cerca de 600 por cento: “Normalmente, em agosto, você não consegue falar com ninguém, mas na verdade tivemos superintendentes escolares nos ligando, o que é estranho.”

Embora vários dos principais distritos escolares tenham manifestado interesse, Bienenstock informou que muitos estão parados por causa da pandemia. “É complicado tomar uma decisão. Tudo está acontecendo muito rapidamente”, disse ele.

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(Foto: Tony Luong / The New York Times)

Bienenstock projetou a OutClass para que as salas de aula possam ser convertidas em playground quando as escolas retornarem ao ensino tradicional em ambientes fechados. “Prefiro fazer playgrounds e não ter de lidar com nada disso. Mas, se isso leva as pessoas a perceber que a aula a céu aberto é uma coisa boa e que deveríamos ter feito mais isso antes da pandemia, então aceito.”

Alguns pais também tentam adicionar um toque de ar livre à aprendizagem remota. “Os clientes domésticos quase dobraram em relação ao mesmo período do ano passado. Como eles estão passando mais tempo ao ar livre, devido ao aprendizado formal ou informal, estamos vendo um aumento nos gastos com esse tipo de produto”, afirmou Jonathan Degenhardt, diretor administrativo da Deuter USA, cujas mochilas são populares entre pais e professores.

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