Material reciclado. Esta foi a matéria-prima que a professora de artes Carla Cristina Donner usou para driblar a falta de material nas aulas do Programa Mais Educação, que subsidia a jornada de tempo integral de 115 das 260 crianças e adolescentes da escola municipal Rodolfo Hollenweger, no bairro Fidélis.

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A iniciativa surgiu no ano passado como alternativa ao atraso no repasse do recurso federal. Até semana passada, a última parcela de 2014 estava pendente em quatro escolas e a primeira de 2015 não havia sido repassada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, autarquia do Ministério da Educação (MEC) responsável pelos pagamentos, a nenhuma das 14 unidades inscritas.

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De acordo com a Secretaria de Educação de Blumenau, o impacto da lentidão na transferência do recurso só não foi maior porque o município assumiu a folha de pagamento dos professores em 2008, quando aderiu ao programa.

Diferente de outras cidades, em Blumenau a verba é dividida entre a compra de materiais, adequações do prédio escolar e remuneração de monitores, que ajudam os professores na hora de almoço dos estudantes.

Coordenadora do Mais Educação no município, Simone Carla de Souza revela que na semana passada R$ 284 mil referentes ao segundo semestre de 2014 foram pagos, mas que não há previsão para o pagamento da primeira parcela de 2015.

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– Esse dinheiro é referente a uma parte da segunda parcela de 2014. Apenas 10 das 14 escolas do município tiveram o saldo quitado no começo da semana passada. O governo disse que priorizou as que estavam com o caixa zerado e que o pagamento nessas instituições deve ser feito nos próximos meses – afirma.

(Foto: Gilmar de Souza/Agência RBS)

MEC nega atrasos no envio do recurso

A escola Annemarie Techentin, no Passo Manso, foi uma das quatro instituições que ainda não recebeu a verba. A professora articuladora, Sônia Regina Pereira, revela que, diferente do que foi alegado pelo governo, a unidade não tem dinheiro guardado. Segundo ela, no começo do ano passado o programa recebeu R$ 14,9 mil e a verba foi investida no subsídio de dois monitores que trabalham no horário do almoço e na compra do material didático. Ao todo, 96 dos 320 alunos da escola são atendidos pelo Mais Educação.

– De dois passamos para apenas um monitor e o dinheiro que temos é justamente para pagá-lo, mas, se até o mês que vem a verba não chegar, teremos que dispensá-lo também. Outros professores e até a diretora da escola se revezam com essa monitoria e a Associação de Pais e Professores tem financiado a compra dos materiais, mas ainda assim é difícil – critica.

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Por e-mail a assessoria de comunicação do MEC negou que exista atrasos no processo de pagamento e justificou que não há verbas previstas para 2015 porque não houve novas adesões neste período. Entretanto, o Ministério não informou o valor total destinado para o Mais Educação em Blumenau.

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