Depois de a Câmara de Vereadores de Blumenau aprovar uma moção de repúdio contra um evento escolar que, entre os temas, pretende abordar a diversidade de gênero, a assessora de direção da Escola Elza Pacheco, Paula Boaretto, classificou nesta quarta-feira a manifestação dos parlamentares como “desnecessária”.
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— Nenhum vereador nos procurou para saber do que se trata ou evento. Para nós essa moção é totalmente desnecessária e o evento está mantido, independentemente da manifestação deles — afirma.
Paula explica que as palestras fazem parte de um projeto que é desenvolvido durante todo o ano letivo pelos professores e alunos e que se propõe a estudar assuntos relevantes para a formação dos estudantes. Neste ano, a partir da demanda dos próprios alunos foram abordados diversos aspectos que envolvem a diversidade: cultural, étnica, religiosa e de gênero. E é sobre estes temas que as palestras, marcadas para os dias 14 e 16 de novembro tratam.
A assessora diz que a escola ainda não recebeu o documento assinado pela maioria dos vereadores. Na votação de terça, apenas Bruno Cunha (PSB), Professor Gilson (PSD) e Ito de Souza (PR) votaram contrários. Adriano Pereira (PT) se absteve, mas da tribuna fez coro ao discurso de tolerância e respeito às diferenças. Todos os demais se posicionaram favoravelmente.
— Durante todo o ano nós desenvolvemos várias atividades ligadas ao tema diversidade. Tivemos a parte de discussão científica, de fotografia, os alunos viram vídeos e documentários, fizeram trabalhos interdisciplinares. E os temas sempre são escolhidos a partir das demandas que eles nos trazem. Teve um ano que fizemos sobre alimentação saudável porque vimos que muitos alunos estavam ficando obesos e tinham dúvidas sobre saúde e nutrição, por exemplo — explica Paula.
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Ela conta que durante todo o ano, a escola não recebeu nenhuma reclamação de algum pai, mãe ou aluno sobre a escolha do tema. Mas que na terça-feira, após a manifestação da Câmara, um pai procurou a unidade para dizer que não concordava com as palestras.
— Ele disse que achava que esse tema não deveria ser tratado na escola. Nós explicamos do que se trata e convidamos ele para que venha no colégio assistir as palestras. Na escola nós sempre tentamos trabalhar a questão científica. O nosso papel é que o aluno receba a maior quantidade de conhecimento possível, livre de crenças, de visões ideológicas e preconceitos, para que ele mesmo faça as suas escolhas. É o lugar onde ele se torna crítico. E muitos alunos trazem estes questionamentos porque os pais se recusam a falar em casa — conclui.
Na terça-feira, outra moção de repúdio ao GPE Educacional, o famoso Pontinho Estudantil, que abriu inscrições para o curso “Diversidade de Gênero e Sexualidade: O papel da família, da sociedade e da escola”, também estava na pauta da sessão, mas a votação acabou sendo adiada pelo presidente da Casa, Marcos da Rosa (DEM).