Há 20 anos, um grupo de voluntários desembarcou no bairro Jardim Paraíso, em Joinville, para investigar as principais necessidades dos moradores. À época, a equipe descobriu que muitas famílias viviam em áreas ocupadas com infraestrutrura precária – do saneamento à educação. As crianças, muitas vezes, atravessavam a infância sem acesso à educação infantil. Pensando em transformar a realidade dos moradores e, principalmente, das crianças, o grupo elegeu sua prioridade de trabalho. Desta forma, nasceu o Grupo de Assistência Social do Paraíso (Gasp), com o objetivo de garantir às crianças do bairro o acesso à educação de qualidade.

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Duas décadas depois, a unidade funciona como um centro de educação infantil (CEI) e ocupa o endereço na rua Regalus, número 33. No local, 45 crianças com três anos são atendidas por 14 colaboradores e mais dois voluntários. Fora o quadro de funcionários, ainda há a diretoria da instituição que contribuí de maneira voluntária.

– O Mateus não sabia brincar com outras crianças, porque era só ele pequeno dentro de casa. Depois que começou a estudar aqui, ele aprendeu a brincar, a dividir e conviver com outras crianças – explica Jarnele Mendes Roldão Pereira, mãe do menino.

A importância do trabalho do Gasp para a comunidade está estampada nos olhinhos curiosos de cada criança e de seus familiares
A importância do trabalho do Gasp para a comunidade está estampada nos olhinhos curiosos de cada criança e de seus familiares (Foto: Salmo Duarte / Agencia RBS)

– O meu também. Agora ele conhece a comida, as verduras e come sozinho. Ele diz: ‘Eu gosto de beterraba’. Antes era uma dificuldade para comer salada, agora não – orgulha-se Rubiana Barreto da Silva, mãe do pequeno Nícolas.

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A importância do trabalho do Gasp para a comunidade está estampada nos olhinhos curiosos de cada criança. No local, as atividades realizadas focam no desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social para ajudar a promover cidadania. No local, os pequenos ajudam a cuidar da horta, aprendem a importância dos alimentos e da higiene, além da convivência com os pares e exercícios inerentes à idade. A entrada na educação infantil marca a saída do convívio familiar e a descoberta de novo mundo para essas crianças.

Segundo Odineia da Silva da Veiga, coordenadora administrativa, promover a educação junto das crianças é um “trabalho de formiguinha”, cultivado dia após dia. Mas o resultado é a parte mais gratificante. Alguns alunos atendidos pela unidade vivem em lares com vulnerabilidade social, outros têm baixa convivência com os pais, que passam o dia fora trabalhando para manter o sustento da casa.

– Em 2014, nós tivemos uma criança que não sabia mastigar. Ele via os coleguinhas e ia colocando comida na boca. Quando víamos, ele estava com a boca cheia, mas não sabia o que fazer. A gente foi descobrir, que ele só tomava mamadeira, com três anos – afirma Odineia.

Na tentativa de acompanhar as crianças após saírem do Gasp, duas vezes por semana são ofertadas aulas de capoeira de forma voluntária para crianças, adolescentes e adultos. O esforço de transformar a região é um trabalho construíndo com o apoio de todos, dizem os voluntários. Parte do dinheiro que mantém o local é arrecadada em bazares e eventos promovidos pela própria unidade. Outra parte vem de convênio com a Prefeitura – por meio da compra de vagas e doações de pessoas físicas e jurídicas.

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