Os furtos e depredações tornaram-se tão constantes na Escola de Educação Básica Doutor Paulo Medeiros no bairro Adhemar Garcia, zona Sul de Joinville, que na véspera deste último feriadão a diretora optou por levar dois freezers cheios de carne para a sala da direção, na tentativa de impedir que a comida fosse levada. O prédio fica a cerca de 200 metros de um posto de Polícia Militar Comunitária.
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A carne, desta vez, não foi furtada. No entanto, na tarde de sábado a escola voltou a ser alvo de arrombamento, quarta vez somente neste ano, que, além de destruir parte da estrutura do prédio, furtaram oito quilos de feijão, quatro quilos de leite em pó, torneiras de alumínio do bebedouro e dos banheiros masculino e feminino e o fio de cobre do para-raios do colégio.
Ainda há suspeita de que o grupo tenha depredado o motor da caixa de água, já que nesta terça-feira a escola também estava sem água, o que impossibilitou que os cerca de 900 alunos, nos três turnos, tivessem aulas.
– Infelizmente, isso já nem causa mais surpresa. É triste, mas quando voltamos do fim de semana já pensamos o que será que aprontaram desta vez? – desabafa a coordenadora pedagógica da escola Sonia Silveira. No ano passado, a Paulo Medeiros foi invadida por vândalos pelos menos 20 vezes.
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A diretora da escola, Luci Helena D’ Ávila, explica que a escola conta com vigilante no período entre 6 e meio-dia e entre 16 e 22 horas. Por causa do feriadão, o prédio teve a presença de vigia apenas até as 22 horas da última quinta-feira. Por volta das 18 horas de sábado, a diretora recebeu a ligação da empresa de segurança responsável por proteger o patrimônio da escola, comunicando o último arrombamento.
Luci conta que já solicitou ao Estado diversas vezes para que a escola conte com vigilância humana durante 24 horas, o que ainda não ocorreu.
– À noite nos sentimos inseguras, porque temos aula até as 22h30, mas o vigilante fica até às 22 horas. Como ficamos só em mulheres, a gente fica com muito medo. Só saímos da escola em grupo – relata a diretora.
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Além dos itens furtados, as portas que levam até o depósito da cozinha e aos banheiros foram arrombadas, um vidro da janela da dispensa foi quebrado e a tela de proteção da janela foi arrancada. O portão do depósito de serviços gerais também foi quebrado.
De acordo com Luci, na tarde desta terça-feira uma equipe da Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) foi até a escola e consertou o motor da caixa de água, retomando a distribuição de água no colégio. Nesta quarta-feira, a equipe retorna para fazer os demais reparos. A direção não soube mensurar os prejuízos.
Nesta quarta-feira, haverá aula normalmente na Paulo de Medeiros.
O que diz o governo do Estado
Dalila Leal, gerente de Educação, informou que vai pedir à empresa de vigilância eletrônica para que aumente os pontos de alarme na escola. Hoje, há sensor de alarme na secretaria, na sala de direção, mas não tem na cozinha e nos corredores, por exemplo.
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Dalila também garantiu que vai conversar com a Polícia Militar para ter mais rondas na escola.
Leia o comunicado da União Joinvilense dos Estudantes Secundaristas (Ujes)
“O retorno às aulas, nesta terça-feira (22/4), foi conturbado na Escola de Educação Básica Paulo Medeiros. A unidade do bairro Adhemar Garcia foi invadida e depredada durante o feriado da Páscoa. Os agressores também roubaram alimentos da merenda e equipamentos. Esta não é a primeira vez que isso ocorre no local.
O grêmio estudantil conversou com os alunos nesta manhã e decidiu chamar uma manifestação. Será amanhã, às 7h30, em frente à escola. Pretendem conseguir o apoio dos pais e dos professores para a iniciativa. O protesto quer soluções do governo estadual.
A presidente da entidade estudantil, Letícia Floriano, 17 anos, considera simples as ações necessárias. “Estamos com vigilantes apenas até 22h30. Desse horário até o dia seguinte, o espaço fica vulnerável”, lembra. A solução apontada por ela é a adoção de segurança por tempo integral. Segundo Letícia, isso evitaria novos incidentes.
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Para a estudante Maria Andressa da Costa, 16 anos, será preciso reformar imediatamente o ambiente da instituição. “Os estudantes chegaram e o lugar estava impossível de usar. Vidros quebrados, torneiras dos banheiros arrancadas e a comida da merenda roubada. Até os fios de iluminação levaram”, descreveu.”