Depois de 107 anos, a Escola Estadual Lauro Muller no Centro de Florianópolis deixará de funcionar no fim de 2019. O prédio, tombado pelo patrimônio histórico, precisa de uma reforma estimada em R$ 5 milhões. Com isso, o governo do Estado preferiu não oferecer matrículas para 2020 e transferir os 346 alunos para escolas próximas.
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O prédio pertence ao Estado, mas foi construído em 1912 em um terreno do município e desde 2005 não passa por uma obra. Os problemas na fiação elétrica, no sistema hidráulico, em janelas, portas e no telhado levaram o Ministério Público a recomendar uma reforma em janeiro de 2019.
— A nossa decisão é definitiva. Como a decisão do Ministério Público é de que resolvamos a questão dos estudantes e da acessibilidade do prédio, essa é nossa prioridade. O prédio, vai ser analisado depois, se vale a pena a reforma — declarou Vitor Fungaro Baltazar, coordenador regional de Educação.
Por nota, o Ministério Público declarou que em janeiro deste ano foi informado pela secretaria de Educação que o estado avaliava desativar a escola.
Em agosto, a 25ª Promotoria oficiou novamente o governo e foi informada que não havia ainda um processo de desativação. O questionamento sobre a reforma foi reforçado e até esta quinta-feira (24) não recebeu uma resposta formal do governo.
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"O MPSC, portanto, nunca pediu o fechamento das escola, somente recomendou a reforma', declarou órgão.

Transferências
Os alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental serão atendidos pelo Instituto Estadual de Educação. Os demais, até o ensino médio, irão para a Escola Estadual Henrique Stodieck. Os professores devem ser realocados em uma dessas unidades ou onde houver vagas, segundo o coordenador regional de educação Vitor Fungaro Baltazar.
— Na reta final do ano letivo, nada muda. Os estudantes que estão hoje no Lauro Müller terminarão o ano letivo aqui, aqueles que se formam no 9º ano, se formarão aqui. A escola vai prestar toda documentação — disse.
Conforme a diretora da escola, Valma Nunes Felício, muitos alunos são filhos de trabalhadores do Centro da capital que vêm de muitos bairros. Outros moram em áreas próximas à escola.
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— Nos pegou todos de surpresa, não só os profissionais, como a comunidade escolar. Então, acredito que vai haver repúdio, já está tendo. Nós atendemos o Centro, o Maciço, os Morros, locais como praia dos Ingleses, Palhoça, Costeira e Biguaçu.
Questionamentos
Uma assembleia com pais, alunos e professores deve ocorrer na escola às 17h30min desta quinta-feira (24). Para a diretora do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Santa Catarina (Sinte-SC), Cristiane Silveira Fogaça, o fechamento é radical e pode prejudicar os alunos.
— O governo está querendo empurrar para a comunidade a decisão de fechar a escola sem nem ao menos discutir e explicar os motivos, as alternativas. Tem várias experiências de fechamento de escolas no Centro de Florianópolis, como o colégio Celso Ramos, o Antonieta de Barros, Silveira de Souza, em que muitos alunos até hoje estão fora da escola — declarou.
O prédio da Escola estadual Lauro Müller é tombado como patrimônio do município pela prefeitura de Florianópolis pelo decreto 270/86.
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