Na Escola de Educação Básica Aldo Câmara da Silva, localizada em São José, na Grande Florianópolis, os alunos aprendem de uma forma diferente das outras instituições. Isto porque o local é considerado o primeiro colégio lixo zero do Brasil ao enviar 97% dos resíduos para compostagem ou reciclagem. Tudo com a ajuda dos 620 alunos que estudam na instituição. 

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A ideia de criar uma escola de lixo zero surgiu em 2019, em uma aula de língua portuguesa, quando a professora Fabiana Nogueira levou um texto sobre sacolas plásticas para a sala de aula. Segundo Daniela Lemos Polla, coordenadora responsável pelo projeto e também professora de ciências, após a leitura do material, a professora percebeu que os alunos se interessaram pelo assunto. 

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Mas o desafio de transformar a EEBA Aldo Câmara da Silva em uma escola lixo zero veio depois que Rodrigo Sabatini, presidente do Instituto Lixo Zero, palestrou para os alunos a pedido da professora Fabiana. 

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— A motivação dos alunos, na época do nono ano, foi essencial para que o projeto desse sequência. Em 2019, eles começaram a entender o que era o conceito de lixo zero  — diz a coordenadora Daniela.

Ela explica que ser uma escola lixo zero engloba questões ambientais, sociais e econômicas. Ou seja, na teoria, é reduzir o máximo que puder de lixo. 

— Vamos supor que na minha casa eu encaminhasse 100% do lixo para um aterro sanitário ou um lixão.  Para você ter a certificação Lixo Zero, você tem que reduzir em 90% o que você envia para esse aterro. Ou seja, tem que desviar e encaminhar para compostagem e reciclagem — explica. 

O desafio proposto por Sabatini foi cumprido com sucesso pelos alunos logo no primeiro ano de projeto. De acordo com Daniela, a instituição desviou 94% dos resíduos entre 2019 e 2020. 

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— O primeiro ano foi de teste porque a gente não tinha onde se basear. Tinham instituições, empresas, mas escolas não existiam. Fomos dos erros aos acertos até chegar em um modelo que fosse mais adequado para escola — continua Daniela. 

Sustentabilidade que gera empregos 

Os resíduos gerados pela escola de São José são destinados para uma composteira da própria instituição, caso seja orgânico, ou para uma cooperativa de reciclagem, caso seja de material reciclável. A atitude, conforme a coordenadora, ajuda a promover empregos e valor para outras pessoas.  

— A gente chama de lixo só aquilo que realmente não serve para mais nada. Se eu encaminho para ser reciclado, ele é resíduo reciclado ou resíduo orgânico — explica. 

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Alunos que acreditam 

Para o projeto acontecer, a escola Aldo Câmara da Silva conta com uma comissão lixo zero formada somente por alunos do sexto ao nono ano do ensino fundamental. São eles que cuidam da horta, da compostagem, do residuário e dos eventos organizados pela escola sobre a temática. 

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— Os alunos participam ativamente. Eles fazem toda a parte de gravação, postagem, foto, edição. Eles também participam dentro das salas com várias temáticas sobre o lixo zero, que segue um calendário global. A comissão é uma forma mais ativa [ do projeto], mas toda a escola participa de alguma forma — salienta a coordenadora.

Iago Ferreira, de 14 anos, é um dos estudantes que fazem parte da comissão lixo zero da escola. O aluno do nono ano ajuda cuidando da composteira e na organização dos eventos promovidos pelo colégio.

— É muito gratificante. Eu sinto que eu faço bem para o meio ambiente e que eu posso ensinar outras pessoas a cuidarem do planeta. Eu acho muito bom fazer parte disso — diz. 

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Mais escolas em SC e pelo Brasil 

De 2019 até agora, a EEBA Aldo Câmara da Silva continua sendo a única escola lixo zero de Santa Catarina. Entretanto, segundo Daniela, outras instituições de ensino do Estado estão na busca pela certificação.

Para garantir o selo, é necessário reduzir em 90% dos resíduos enviados ao aterros sanitários e passar por uma avaliação na parte pedagógica da escola. No Brasil, há escolas lixos zero no Rio de Janeiro, Bahia e no Mato Grosso.

— Por um bom tempo fomos a única escola lixo zero e nosso interesse não é ser a única. A gente quer cada vez mais escolas para que daqui a pouco todas sejam lixo zero. O lixo é só um instrumento para falar de muitas outras coisas como respeito, alimentação de qualidade, acesso a locais e a ambientes e, principalmente, falar sobre uma educação de qualidade — finaliza a coordenadora.

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