Alunos do Centro Educacional Marista de São José, na Grande Florianópolis, estão aprendendo matemática de um jeito muito divertido. Ao invés de fazerem apenas cálculos nos cadernos, estudantes de 6º e 7º anos estudam com o auxílio da realidade virtual e com passeios pela cidade.
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As aulas fazem parte de um projeto desenvolvido pela escola para melhorar os índices de aprendizagem e ocorrem no contraturno do ensino regular. O mais surpreendente é que são os próprios alunos que escolhem participar das oficinas e nem sempre são aqueles que têm mais dificuldades em sala de aula.
Kalana Luiza Mozele, de 11 anos, explica que a oficina é muito mais interessante porque a professora tem mais tempo para ajudá-la e aprende se divertindo.
— Aqui, como somos em 10 alunos, é mais fácil aprender porque a professora direciona a matéria para cada aluno, aí é mais fácil de entender. A gente também usa mais coisas tecnológicas, como os óculos de realidade virtual. Não é reforço, somos nós que escolhemos e é bem mais fácil aprender — conta.
Wagner Cirino de Moraes Junior, também de 11 anos, conta que foi transferido para a escola Marista neste ano e, desde então, se dedica ao projeto para aprender mais.
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— Eu vim para o projeto de matemática para aprender. Ano passado estudava em outra escola e não sabia um monte de coisa. Não sabia multiplicação nem divisão, agora estou fazendo o projeto para aprender mais — diz.
A escola Marista é uma instituição filantrópica e atende 1.050 alunos desde o 1º ano do fundamental até o 3º do ensino médio que vivem em vulnerabilidade social nas comunidades próximas ao bairro Serraria.
Da sala para a prática
A professora Simone de Sousa informa que a intenção do projeto não é ser um reforço escolar, mas trabalhar de forma diferenciada o ensino da matemática, com contextualização, tecnologia e com situações práticas do dia a dia.
Em uma simples ida a uma sorveteria, por exemplo, pode-se aprender muitos conceitos na prática. Essa atividade foi feita pelos alunos e surpreendeu até a professora.
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— Durante a saída de campo, pegamos vários dados, mas teve um aluno que pediu um desconto e, ao invés de pagar R$ 10 ele pagou R$ 8. Foi uma iniciativa dele e, com isso, já trabalhamos a porcentagem de quanto foi aquele desconto — conta.
Já em sala de aula, a professora usa a tecnologia para despertar a atenção da garotada e auxiliar o aprendizado. Óculos de realidade virtual são usados para estudar os ângulos durante uma simulação de um passeio em montanha russa.
— A ideia desse projeto é trazer a matemática sem aquele medo comum dos alunos. É muito legal porque o aluno percebe que a matemática não é coisa do outro mundo, e que ela faz parte do nosso dia a dia.
O projeto começou em 18 de fevereiro e as aulas acontecem duas vezes por semana, em segundas e quintas-feiras. Além de passeios, uso dos óculos de realidade virtual e estudos teóricos, Simone trabalha com jogos de lógica e interpretação dos problemas para desenvolver ainda mais o raciocínio da criançada.
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Transformando estatísticas
A oficina de matemática, assim como outras desenvolvidas pela instituição, surgiu a partir da análise de indicadores de educação externos, como a Prova Brasil, que avalia o rendimento escolar de alunos do 5º ao 9º anos do ensino fundamental nas disciplinas de matemática e português.
Danízio Brandelero, coordenador pedagógico da escola, explica que as crianças e adolescentes aprendem os conceitos em sala de aula, mas tudo fica muito abstrato e alguns têm dificuldades de aprender e gravar o conteúdo.
— Quando conseguimos aproximar o conceito com o dia a dia começa a fazer sentido para eles, que entendem que a matemática faz parte e está no cotidiano — salienta.
O resultado da oficina também reflete nas aulas regulares, pois os alunos acabam ajudando os colegas que têm dificuldades.
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