Quem vê crianças e adolescentes conversando em alemão no Colégio Bom Jesus, não imagina que houve um momento, há 80 anos, que o idioma foi proibido aos alunos da escola que deu origem à escola atual. Ela foi fundada em 1866, ainda com o nome "Deutsche Schule", a Escola Alemã. Em 1938, quando a cidade passou pela campanha de nacionalização do ensino brasileiro imposta pelo governo, a instituição foi fechada e, para que pudesse reabrir, foi necessário fundi-la com o Instituto Bom Jesus.

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Ainda que boa parte da memória física e documental da Deutsche Schule tenha se perdido neste processo, a tradição nunca foi perdida. Em 2019, a instituição conta não só com ensino bilíngue como também oferece programas de intercâmbio realizados em parceria com instituições alemãs.

Patrick Giacomelli Paul, de 14 anos, tinha uma influência inevitável para escolher o alemão como segundo idioma, já que seus antepassados vieram da região da Europa que deu origem ao país. No 9º ano do Ensino Fundamental, ele teve a oportunidade de fazer o caminho contrário e, durante três semanas de janeiro, se hospedou na casa de uma família em Holzminden, na Baixa Saxônia.

— A experiência foi sensacional, nunca vou esquecer na minha vida. É muito diferente aqui do Brasil, principalmente porque é muito frio — relata.

Para Patrick, o idioma é difícil de aprender, mas vale a pena. Isso porque ele começou os estudos em alemão antes de aprender a falar em inglês. Hoje, enquanto ele já tem alcançado a proficiência em inglês, ainda está se desenvolvendo no idioma germânico.

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— Nós temos muito mais incentivos para falar inglês por meio de jogos, músicas, filmes, séries. Então acaba sendo mais fácil. Já no alemão o desafio acaba sendo maior — conta.

Alemã decidiu conhecer novas culturas

Já Clara Bobbert, 19 anos, nasceu na Alemanha e, após concluir o Ensino Médio, resolveu conhecer novas culturas. A jovem está em Joinville desde setembro de 2018 e vai ficar até o fim do ano. Clara chegou sem pronunciar nenhuma palavra no idioma local, mas agora já consegue se comunicar. A jovem se surpreendeu ao chegar na cidade.

— Foi mais do que eu esperava. Muitos restaurantes têm nomes alemães, os sinais no aeroporto de Joinville são em alemão e algumas casas também têm o estereótipo alemão — diz.

Clara chegou sem pronunciar nenhuma palavra no idioma local, mas já consegue se comunicar
Clara chegou sem pronunciar nenhuma palavra no idioma local, mas já consegue se comunicar (Foto: Salmo Duarte, A Notícia)

Para ela, a cidade conserva traços que não são mais tão comuns na Alemanha e esta é uma das causas que a fez optar pelo país sul-americano.

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— Eu acho também que é por esta causa que eu estou aqui: para mostrar um imagem mais atual e diferenciada — ressalta.