Conversar com alguém que espera pelo mesmo ônibus, fazer compras no supermercado, ir à escola ou pedir informação na rua. Todas essas atividades parecem simples quando exercidas no cotidiano comum. Mas, para pessoas que possuem deficiência auditiva, os obstáculos podem ser significativos.

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Uma escola de Joinville está mudando esta realidade com um projeto de inclusão que colocou em prática o ensino bilíngue com a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e a língua portuguesa na grade curricular – é a primeira unidade escolar de Santa Catarina a oferecer este modelo de ensino. Em 2018, a Escola Municipal Monsenhor Sebastião Scarzello, já desenvolveu um projeto piloto, mas, neste ano, começou com aulas integrando toda a comunidade escolar. A ação permite o acesso ao idioma tanto para crianças ouvintes, quanto para crianças surdas, pais e funcionários.

A escola fica no bairro Itaum, mas disponibiliza vagas para moradores de todas as regiões da cidade. A unidade atende 490 crianças da Pré-Escola ao 5º ano do Ensino Fundamental. Dessas, sete estudantes com idades entre cinco e nove anos possuem deficiência auditiva. Além disso, atuam 29 professores e mais quatro intérpretes que auxiliam na rotina das turmas. Entre os professores está Talita Nunes Francisco, que também é surda.

– Há casos em que a mãe é surda e o filho não, e a família procura a escola por esse motivo, por conseguir o atendimento adequado. Isso porque toda a escola aprende Libras, desde quem faz o serviço braçal até quem atua na área administrativa – completa a secretária de educação Sônia Fachini.

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Toda a estrutura da escola foi adaptada para os alunos. Desde as sinalizações nas portas e bebedouros, os horários de aulas readequados em Libras e até o sinal que avisa trocas e intervalos: acende-se um alerta luminoso e, para os ouvintes, o efeito sonoro é música.

O último Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, apontou que 9,7 milhões de pessoas têm deficiência auditiva no Brasil. Desses, 2,1 milhões apresentam deficiência severa, ou seja, perda entre 70 e 90 decibéis (dB). Pelo menos um milhão são jovens de até 19 anos. Em Santa Catarina, ainda de acordo com o mesmo Censo, o número de pessoas somava mais de 131 mil e, em Joinville, há nove anos o número ultrapassava oito mil pessoas surdas.