Dia a dia a merendeira Marilene Isensee trabalha separada por 1,5 quilômetro do colégio onde serviu refeições por 17 anos. Recorda com nostalgia os anos em que percorria as cinco salas de aula da Escola Municipal Angélica Costa e conhecia uma a uma as 200 crianças que corriam pelo pátio na hora do recreio. Edificada no topo de uma das transversais da Rua Sertão Verde, no Bairro Margem Esquerda, a escola foi engolida pela lama vertida do morro, na noite de 23 de novembro de 2008.
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Acima do solo vermelho já estabilizado e da vegetação crescente, estão somente escombros da antiga biblioteca e do depósito de materiais. Passados quatro anos, a escola é símbolo dos vestígios que ficaram da catástrofe no Vale do Itajaí.
_ É triste. Passo todos os dias ali e me lembro da escola. Era pequena, mas tinha união. Era uma família. Eu sabia a história de cada criança. Dois ex-alunos e um aluno foram vítimas da tragédia _ emociona-se Marilene.
Desde o ano letivo de 2009, as crianças da Educação Infantil foram separadas das que estudam no Ensino Fundamental. As menores são atendidas no galpão da Capela São Sebastião, às margens da BR-470, onde Marilene continua a trabalhar como merendeira.
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As demais, alunas do 1º ao 5º ano, foram realocadas para a Escola Norma Mônica Sabel, no Bairro Margem Esquerda, onde dividem espaço com mais 611 alunos. Ônibus cedidos pela Secretaria de Educação fazem o transporte diário das crianças até que a escola seja reedificada, no loteamento em frente ao Sertão Verde, com 70 moradias de PVC, construído às margens da BR-470.
A unidade é alvo de um impasse entre a prefeitura e a Fundação Bunge, cujo acordo que firmaram é de que a prefeitura garantiria primeiro a infraestrutura do loteamento, com base num projeto executivo sustentável financiado e contratado pela Bunge em 2010, para então a fundação construir a nova escola.
A medida compõe o projeto social da empresa Conhecer para Sustentar: Vale do Itajaí, criado após a catástrofe, para propor soluções sustentáveis, educar e reduzir impactos e o risco de novas tragédias.
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Licitação não teve interessados
Na licitação aberta pela prefeitura em junho, para instalar rede de esgoto, drenagem e pavimentação de calçadas e ruas, não houve interessados. O secretário de Educação, Neivaldo da Silva, tenta firmar um acordo com a Bunge para garantir a escola enquanto o município aplica o R$ 1 milhão disponível para implantar parte da infraestrutura.
Procurada pelo Santa, a Fundação Bunge reiterou, em nota, que o projeto executivo da escola foi concluído em junho de 2010 e a construção dela dependerá da infraestrutura do loteamento, responsabilidade da prefeitura. Se não for possível modificar a parceria, Neivaldo garante que a escola será construída com recursos da secretaria em 2013.
_ Nesses quatro anos, construímos 50 salas de aula e duas unidades novas. Só não priorizamos a Angélica Costa porque estamos na expectativa da parceria com a Bunge _ justifica Neivaldo.
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Segundo a secretária de Planejamento e Desenvolvimento, Patrícia Scheidt, os recursos para aplicar em obras de infraestrutura do loteamento a prefeitura vai buscar também pelo PAC 2. Os projetos foram encaminhados para a Caixa Econômica Federal na semana passada.
A maior parte das 70 casas já foi ocupada desde fevereiro e, em alguns terrenos, os moradores já estão ampliando a construção.
>>Confira a reportagem completa no Santa desta terça-feira<<