A equipe de futebol do Centro Educacional Recriarte, de Camboriú, vem nos últimos anos sendo um dos principais destaques do Moleque Bom de Bola. Foi campeã em 2012 e 2011 e conquistou o 3º lugar em 2010. Este ano, já está classificada para a fase estadual do torneio que acontece neste mês, em Canoinhas, no Planalto Norte. Os meninos venceram as fases municipal, microrregional e regional, num total de 12 jogos, com 100% de aproveitamento e 84 gols marcados.
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Mas para conquistar o resultado, foi preciso suar muita a camisa ao longo do ano. Os treinos acontecem diariamente, após as aulas, no período da tarde e os jogadores são bastantes exigidos entre exercícios físicos, técnicos e táticos. O pós-treino é reservado para a realização de tarefas escolares, trabalhos e estudo para provas. Os alunos que têm algum tipo de dificuldade, ganham aula de reforço e ficam fora do treinamento para melhorar a aprendizagem e superar as dificuldades.
Além disso, o colégio oferece uma estrutura digna de profissionais com alimentação, psicólogo, nutricionista, academia e preparadores físicos. A Casa do Atleta dá todo o suporte para os alunos-atletas e serve o café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar para os residentes. Já os moradores da cidade fazem as refeições em casa.
Para o técnico Gilvan Meirelles, que está há mais de 10 anos no Recriarte e treinando a equipe há dois anos, a receita do sucesso é seguir com os pés no chão, respeitando a todos e estar sempre focado.
Gilvan explica que sua linha de treinamento prioriza a formação do cidadão como pessoa. O essencial é transmitir aos alunos/atletas a importância de lutar pelos sonhos sem desrespeito, pois não há conquista honrosa sem ética.
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– O sonho de todo garoto é se tornar um jogador profissional famoso. Infelizmente, a mídia mostra que a profissão é gratificante e gloriosa. Mas a realidade é outra. A maioria dos jogadores profissionais ganha menos R$ 1 mil por mês – comenta.
Por isso, ele ensina aos alunos que é preciso ter foco e comprometimento nos treinamentos e muito mais nos estudos, para que estejam preparados para a vida, dentro do esporte ou fora dele. Outro foco do trabalho junto à equipe é evitar o individualismo.
– Sempre ensinamos a jogar no coletivo, dependendo um do outro, numa convivência familiar – afirma o técnico.
Os conceitos e os treinamentos aplicados no Moleque Bom de Bola servem como um chute inicial para a carreira profissional do jogador. Alguns atletas que representaram Camboriú hoje jogam profissionalmente, ou estão em algum clube. Entre eles João Carlos Russi Rodrigues, campeão em 2000, que já defendeu clubes como Metropolitano, Bellinzona (Suíça) e Portuguesa. Já Evandro Goebel, campeão do projeto no mesmo ano, jogou pelo Atlético/PR, Goiás e Palmeiras. O atleta Rodolfo Testoni que foi tricampeão do Bom de Bola em 2000/2001/2002 passou por clubes como Camboriú, Paulista e Guarani.
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O campeonato
O Moleque Bom de Bola é um campeonato catarinense escolar que acontece na modalidade de futebol de campo, nas categorias masculino e feminino, com idade entre 12 e 14 anos. Realizado desde 1992, tem o objetivo de promover o esporte amador, a educação para a cidadania e o desenvolvimento humano.
O projeto, consolidado no cenário esportivo catarinense e reconhecido formador de craques do futebol brasileiro, já revelou atletas como Eduardo Costa (Avaí), Marquinhos (Avaí), Douglas (Corinthians), Filipe Luís (Atlético de Madri) e André Santos (Flamengo).
– O Bom de Bola trabalha a cidadania, a ética, o companheirismo e todos os outros valores que consideramos primordiais para a formação de um bom cidadão. E nada melhor do que utilizar o esporte como ferramenta para motivar e envolver as crianças e adolescentes – afirma Luiz Carlos Fraga, coordenador do projeto.