A água da chuva que hoje é captada e reutilizada para lavar todas as calçadas e regar as plantas da Escola Básica Municipal Alice Thiele, em Blumenau, já foi motivo de muita preocupação para a comunidade do distrito do Garcia. O terreno no alto da Rua João Schetz, onde o colégio foi erguido, foi castigado por deslizamentos de terra durante a enchente de 2008.

Continua depois da publicidade

Foi em 2009 que Reimar Roedel, professor de história e geografia há 23 anos, trouxe a questão da chuva a favor da escola. O primeiro passo foi criar um pluviômetro de garrafa pet para cada aluno. O equipamento serve como suporte para os estudos ligados ao projeto. Segundo o professor, a iniciativa deu aos alunos do 9º ano a dimensão do quanto chovia na região.

(Foto: Patrick Rodrigues/ Agência RBS)

– Eles vinham para a aula e me falavam ?professor, meu pluviômetro encheu. O que eu faço??. Ensinei que um milímetro do reservatório equivale a 10 litros de água por metro quadrado. Isso é muito para uma região de risco como a nossa. Foi quando eu pensei que tinha que fazer alguma coisa – conta.

Continua depois da publicidade

E fez. O excesso de chuvas ajudaria então a resolver outro problema _ o que até então sobrava no solo, faltava nas torneiras. O professor Roedel lembra que a falta d?água sempre foi um problema na escola.

Com apoio financeiro de comerciantes e da Associação de Pais e Professores e com o incentivo da direção, em 2013 a escola, que atende hoje 415 alunos, instalou a primeira caixa d?água. Os canos acoplados na calha captam 5 mil litros de água por vez, reduzindo o impacto da chuva no solo. A diretora Clarice Spengler revela que nesses dois anos não houve uma vez que o reservatório esvaziou e também nunca mais faltou água na escola.

(Foto: Patrick Rodrigues/ Agência RBS)

Uma obra de drenagem também devolveu a segurança à estrutura do prédio, que voltou a atender os alunos normalmente 2013. Destinada para a limpeza de todas as calçadas da unidade, em breve a água da chuva captada também vai abastecer a descarga dos 10 banheiros usados pelos estudantes. Segundo a diretora, falta verba para concluir o projeto que deve resultar em uma boa economia de água da rede, já que cada descarga consome 20 litros ao ser acionada.

Continua depois da publicidade

– Entre todos os materiais e mão de obra foram gastos cerca de R$ 5 mil para tirar do papel o projeto da primeira caixa, mas para abastecer os banheiros precisamos de mais uma caixa de 5 mil litros. Dependemos agora de recursos federais – conclui.

Economia que vem do ar-condicionado

No verão, quando o ar-condicionado é usado com mais frequência, baldes e bacias são colocados embaixo das mangueiras conectadas na saída de água dos aparelhos. Os aproximadamente mil litros coletados por semana são usados também para limpeza e, eventualmente, para regar as plantas.

– A água geralmente sai quente ou morna e por isso nem sempre é possível usar nas plantas – explica o professor Reimar Roedel.

Continua depois da publicidade

Distante do pátio a horta com 15 canteiros montada nos fundos da escola também tem seu próprio reservatório. A caixa com capacidade para armazenar mil litros de água foi conectada à uma calha. Segundo o professor, a caixa e a horta estão sempre cheias.

(Foto: Patrick Rodrigues/ Agência RBS)

Pauta escolar sustentável

Na avaliação da coordenadora de projetos da Secretaria de Educação, Denise Maas, desde 2013 Blumenau tem se destacado no cenário estadual e nacional em conferências que discutem a educação ambiental e sustentável. Projetos de captação da água da chuva, programas de reciclagem e hortas foram inseridos no dia a dia dos alunos de algumas instituições.

A exemplo das escolas municipais Alice Thiele, no distrito do Garcia, e da Visconde de Taunay, na Itoupava Central, que também usa água da chuva para a limpeza de pátios e calçadas, em breve a Escola Básica Municipal Leoberto Leal, que apresentou nesta quinta-feira o projeto Escola Sustentável na Câmara de Vereadores, vai colocar em prática ações em benefício do meio ambiente.

Continua depois da publicidade

– Algumas unidades já estão com a prática mais avançada. É uma questão de tempo até que todas as escolas tenham projetos ligados com a sustentabilidade. Não tem como ficar de fora disso – finaliza Denise.