A escola de samba Império Vermelho e Branco, do bairro Pantanal, em Florianópolis, oficializou na tarde desta quinta-feira (28) o pedido para não participar do desfile na Passarela Nego Quirido, que ocorre neste sábado (2). Com isso, apenas quatro escolas vão desfilar pelo grupo de acesso.

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O pedido foi motivado pela falta de recursos financeiros da escola, que teve a conta bancária bloqueada pela Justiça por causa de uma ação trabalhista movida por dois ex-funcionários em 2016. Valmor Matias Machado, presidente da Império, explica que há 20 dias tentava uma negociação com as partes, para então, liberar o dinheiro repassado pela prefeitura e, assim terminar a preparação do desfile.

Acontece que, segundo ele, o até então presidente da agremiação Acadêmicos do Sul da Ilha, também do grupo de acesso, orientou os ex-funcionários da Império a não aceitarem o acordo.

— Ele começou a mandar áudios para um deles não aceitar o acordo, querendo prejudicar a minha agremiação, pra gente não desfilar. Mas eu acabei descobrindo porque um deles é meu amigo e me mostrou os áudios — conta.

Os áudios de WhatsApp foram apresentados durante a reunião com os diretores da Liga das Escolas de Samba de Florianópolis (Liesf) e escolas de samba na tarde desta quinta-feira. A Liesf publicou em uma rede social que a Comissão de Planejamento do Carnaval (CPC) Especial e Acesso do ano 2019 deliberou pela desfiliação da Império Vermelho e Branco e puniu a Acadêmicos do Sul da Ilha com a perda de cinco pontos.

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Segundo a Liga, a decisão foi “motivada pela suposta intervenção da agremiação numa negociação da coirmã Império Vermelho e Branco, que documentalmente argumentou ter sido prejudicada, inclusive tendo seu desfile inviabilizado”.

Valmo Machado informa que registrou Boletim de Ocorrência contra a escola Acadêmicos do Sul da Ilha, vai procurar o Ministério Público e entrar com uma ação por danos morais contra a escola concorrente.

Contraponto

O ex-presidente da Acadêmicos do Sul da Ilha, Carlos Eduardo, conhecido por Sequinho do Cavaco, se defende e afirma que não tentou prejudicar a escola concorrente. Segundo ele, um dos ex-funcionários envolvidos na ação trabalhista contra a Império Vermelho e Branco é seu amigo e teria pedido uma orientação sobre o caso.

— Eu conversei com ele como pessoa física e não como escola. Ele me perguntou sobre tais coisas e eu acabei falando que eles (escola) tiveram tempo para procurá-los, mas não procuraram. Depois disso, eu mesmo mandei por áudio falando pra eles aceitarem o acordo pra não prejudicarem a escola. Foi um caso que não envolveu o Carnaval, não envolveu a escola, foi uma conversa entre amigos — argumenta.

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Sequinho foi afastado da presidência da escola na tarde desta quinta até que o caso seja resolvido. O atual presidente da Acadêmicos, Jean Carlos Laurindo, informa que a escola não concorda com a punição da Liga e vai recorrer. Na opinião de Jean, os áudios apresentados revelam uma conversa entre amigos e este conteúdo não induziu o prejuízo da Império.

Segundo a Liga, o caso foi tratado de “forma imparcial, respeitando o estatuto social e o regulamento da CPC, ratificando assim seu compromisso com o Carnaval”.

Caso alguma escola entre com recurso, a Liga deverá marcar uma assembleia geral extraordinária que irá deliberar sobre o tema.