É a programação da ordenha por computadores que dá início, desde 2012, às aulas na Escola Agrícola Angelo Emílio Grando, em Erechim, no norte do Estado. O uso de tecnologia avançada em todos os setores da produção é ferramenta para o ensino dos alunos, filhos de produtores de 40 municípios.
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A iniciativa da escola é um ponto importante para mudar o baixo padrão de informatização dessa atividade. Conforme o presidente da Associação Gaúcha de Laticínios e Laticinistas, Ernesto Krug, 87% das propriedades rurais têm ordenha mecanizada, mas somente cerca de 5% são informatizadas, capazes de tecer relatórios de produtividade de cada animal:
– É um equipamento que precisa ser disseminado pelo Estado, pois faz a diferença na gestão da atividade e da propriedade, como indicador de desempenho.
Uma das formas de incentivar a inovação nas propriedades é apostar em jovens como o estudante do segundo ano do Ensino Médio Marcos Miguel Ozimbsoski, 15 anos, que já sonha em ter o sistema na propriedade dos pais, em Carlos Gomes.
A máquina é programada para acompanhar a ordenha de cada animal: quantidade de leite recolhido, temperatura do leite, tempo de ordenha e histórico do animal. Os dados são armazenados em computador e depois passados a planilhas que orientarão os alunos sobre a quantidade exata de ração que cada vaca deve receber.
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– Assim,eles têm noção de como reduzir o custo de produção e ainda monitoram a saúde do animal, já que o histórico aponta alterações no organismo do gado – explica o professor Gilberto Pozzebon.
Com 12 vacas holandesas, a escola recolhe em média 5 mil litros de leite por mês. O produto vai parar numa miniagroindústria mantida no local, para a produção de queijo e doce de leite, onde cerca de 400 litros de leite são processados toda semana. Na instituição, a tecnologia é uma aliada à atividade do meio rural.
– Estamos aqui garantindo a sucessão familiar da propriedade – ressalta a vice-diretora da escola, Carmen Perachi.
Referência até para universidades
O trabalho dos alunos e professores transformou a Escola de Ensino Médio Agrícola Angelo Emílio Grando em um centro de referência para universidades e agricultores do norte do Estado. Todo o aprendizado das aulas, ao longo do ano, transforma-se em projetos pedagógicos que são apresentados em atividades práticas.
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Nesta semana, um dia de campo apresentou aos universitários 16 variedades de soja que foram cultivadas pelos alunos em áreas de meio hectare cada.
– Algumas das variedades são lançamento, vão chegar ao produtor em apenas dois ou três anos, e nossos alunos já estão avaliando o rendimento e resistência a doenças – conta o professor de Agricultura Aldinei Pogorzelski.
O Centro de Treinamento da Emater também utiliza a estrutura para cursos com produtores da região. São 45 cursos por ano, abrangendo 800 agricultores.
– Nossos alunos trabalham como multiplicadores de conhecimento e saem daqui com formação diferenciada – afirma o diretor Delomar Ceron.
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ROTINA DE BONS EXEMPLOS
Além do ensino formal, os alunos recebem de forma integrada o ensino profissionalizante, com aprendizado em 12 atividades agrícolas diferentes, como fruticultura, piscicultura, bovinocultura, suinocultura, avicultura, agroindústria, desenho e topografia, ervas medicinais, irrigação, olericultura, jardinagem, nutrição animal silvicultura.
Todo o alimento produzido é utilizado para manutenção da escola e o excedente é comercializado. Leite, aves e suínos são transformados na própria escola em subprodutos.
Na conclusão de curso os alunos fazem estágio de 400 horas em uma das cem empresas gaúchas que mantêm convênio com a escola.
O equipamento permite controle de produtividade por animal e da qualidade do leite, tempo de ordenha – sinalizando se há queda na produção, que pode indicar doenças como a mastite – entre outras informações.
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É possível reduzir custos com a ordena informatizada: o sistema permite calcular quanto cada animal precisa receber de ração suplementar ao pasto.