Preocupado com o atraso na entrega de insulina na Farmácia-escola, o morador de Joinville Valmor Machado gastou quase R$ 800 para garantir o medicamento à filha diabética de 27 anos. Ela precisa tomar três doses diárias dos análogos de insulina Glargina e Aspart Novorapid. Valmor providenciou a compra na semana passada em uma farmácia particular. O mesmo ocorreu no mês passado.
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– Acontece que se aumenta a hemoglobina (exame identifica a quantidade de glicose ligada à proteína hemoglobina), eles estão cortando o medicamento. Essa é uma desculpa que eu não aceito. As famílias acabam comprando quando têm condições, mas, se não têm, (os pacientes) vão acabar morrendo. Eu estou comprando, mas é caríssimo. Ela não pode tomar outra medicação. Se pudesse, tudo bem, mas não pode correr o risco de entrar em coma – desabafou o pai.
O morador de Joinville, que já foi presidente do Conselho Municipal de Saúde, reclama tanto da falta de remédio quanto do corte de alguns tipos de insulina que seriam mais caros. Uma das diretoras da Associação de Diabéticos de Joinville, Zelma Reirt Maria, também está preocupada com o corte e afirma que outros diabéticos ficaram sem o medicamento no início do mês.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, os dois tipos de análogos de insulina chegaram no início desta semana à Farmácia-escola. A secretaria também afirma que a reposição dos demais medicamentos em falta será feita até a metade do mês. Um carregamento com boa parte dos remédios está previsto para chegar hoje.
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Sobre o corte de alguns tipos de insulina, a secretaria alegou que existe uma junta médica para fazer o controle da medicação. Essa equipe de profissionais analisa a receita do médico do paciente e solicita que um novo laudo seja emitido a cada seis meses para verificar se a medicação deve permanecer a mesma. Os análogos de insulina são os medicamentos mais caros para tratar a diabetes.
A Prefeitura justifica que o atraso na compra dos medicamentos se deu em função de uma decisão liminar – depois derrubada – que suspendeu a sanção do orçamento para 2016. Mas garante que o estoque de medicamentos será normalizado ainda na primeira quinzena do mês, ficando poucos casos pendentes.
Sentença determina compra
Sentença de maio de 2013 assinada pelo juiz federal Diógenes Tarcísio Marcelino Teixeira determina a distribuição de análogos de insulina de longa duração (Glargina e Detemir) e de curta duração (Aspart, Lispro e Glulisina) para atendimento aos pacientes com diabetes melito tipo 1 da rede pública do Estado.
Os réus são a União – responsável pelo repasse da verba – e o governo de SC – que deve fazer a compra. Os réus deveriam implantar protocolo clínico para distribuir os remédios aos municípios. Segundo a Secretaria de Saúde de Joinville, os análogos são comprados pelo município desde 2006 e continuaram sendo adquiridos com verba municipal mesmo após a decisão judicial.
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“AN” entrou em contato com a Secretaria da Saúde de SC para saber o que houve com o repasse. Resposta deve ser enviada hoje, após equipe jurídica analisar o processo judicial.
Confusão em posto de saúde
Um paciente irritou-se ao verificar que faltava fluoxetina em posto de saúde no Itinga na quarta. A confusão acabou quando a PM chegou ao local. Luiz Fideles Demathe, 54 anos, disse que está há dois meses sem o remédio e que a funcionária do posto teria se alterado e discutido com ele. Já a coordenação do posto alega que Luiz é quem teria se alterado e que por isso foi chamada a PM. Segundo a Secretaria de Saúde, a fluoxetina deve ser reposta ainda neste mês.