Uma provocação “digna da Guerra Fria”.
Assim o governo russo classificou a atuação do diplomata Ryan G. Fogle, terceiro secretário do departamento político da embaixada americana em Moscou, detido na noite de segunda-feira enquanto tentava recrutar como informante um representante do serviço secreto russo em troca de uma grande soma em dinheiro.
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Oepisódio é mais um escândalo nas tensas relações entre as duas potências, que têm atravessado um momento difícil por conta de questões como direitos humanos, adoção de crianças russas por americanos e guerra civil na Síria.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia declarou o diplomata persona non grata e exigiu sua saída do país. O embaixador americano, Michael McFaul, foi convocado para prestar esclarecimentos ao ministério russo.
“O arsenal clássico do espião descoberto com ele, além de uma grande soma em dinheiro, desmascarou um agente estrangeiro pego em flagrante delito e suscita sérias questões em relação à parte americana. No momento em que nossos presidentes manifestaram sua vontade de cooperar pela via dos serviços especiais na luta contra o terrorismo, atos provocadores como esse no espírito da Guerra Fria não contribuem para reforçar a confiança mútua”, afirmou o ministério russo.
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A rede de televisão estatal russa, Pervyi Canal, divulgou um vídeo filmado por agentes que mostra a detenção. Os serviços de Moscou indicam que o russo que a CIA estaria tentando recrutar é um oficial encarregado do combate ao terrorismo no Cáucaso.
Embaixador se negou a comentar o caso
A gravação mostra Ryan Fogle depois da detenção, sentado em um quarto, cercado por três americanos.
– Não acreditamos em um primeiro momento que algo assim pudesse acontecer. Sabem muito bem que o FSB (serviço secreto, atual nome das antigas GPU, NKVD e KGB) coopera ativamente (com os Estados Unidos) na investigação sobre os atentados de Boston – afirma alguém na gravação.
– Este cidadão cometeu em nome dos Estados Unidos um crime gravíssimo aqui em Moscou. Têm perguntas sobre o que estamos mostrando a vocês? – diz um membro do FSB.
A TV pública em inglês RT divulgou trechos do que se apresentou como uma carta destinada ao suposto espião russo. “Querido amigo (…) Estamos dispostos a lhe oferecer
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US$ 100 mil e a conversar sobre sua experiência e a uma colaboração a longo prazo”, estava escrito.
Consultado para confirmar, desmentir ou comentar o incidente, o embaixador americano respondeu laconicamente no Twitter: “Não”.
As relações se deterioraram desde que Vladimir Putin voltou ao Kremlin, em maio de 2012, para um terceiro mandato. O último escândalo de espionagem havia sido em 2010, quando 10 agentes “latentes” russos foram detidos nos EUA e depois expulsos para Moscou. Os americanos os trocaram por quatro russos, dos quais três tinham sido condenados por espionagem para os ocidentais.