O grupo de produtos que mais pesa no orçamento das famílias brasileiras, o de alimentos, foi justamente o que mais pressionou o aumento da inflação em 2012. Em Santa Catarina não foi diferente. De acordo com o índice que mede o custo de vida na Capital, os preços que mais subiram, no ano passado, foram os dos produtos alimentícios.
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A aceleração da inflação nos últimos meses de 2012 foi causada pelo aumento nos preços dos alimentos, segundo o IBGE. O instituto atribui a variação à causas climáticas. A inflação acumulada no ano passado, baseada no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 5,84%.
Em 2012, o grupo Alimentação e Bebidas subiu 9,86%. Os alimentos têm o maior peso (23,93%) no orçamento das famílias. Portanto, embora não tenham registrado o maior aumento de 2012, tiveram o maior impacto sobre a inflação.
Em Florianópolis, segundo o Instituto Técnico de Administração e Gerência (Itag), vinculado à Esag-Udesc, entre os produtos que tiveram um aumento maior estão ingredientes básicos da mesa da população, como o arroz, o óleo de soja, a carne de frango e o feijão preto.
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A Urbano, empresa de Jaraguá do Sul que industrializa arroz, feijão e macarrão, e uma das maiores do Brasil, sentiu o aumento de preço. O gerente de marketing Reynaldo de Carvalho afirma que o valor de venda para o varejo do arroz da empresa subiu, no ano passado, cerca de 30%.
Ele observa que o preço do produto sempre oscila muito durante o ano, mas que 2012 registrou a maior alta prolongada desde 2008. E a causa, segundo Reynaldo, está na diminuição da oferta do grão no Brasil.
O Rio Grande do Sul enfrentou problemas climáticos durante a safra e perdeu produção. Enquanto isso, o Mato Grosso diminui a área plantada, substituindo o arroz por outras culturas. Em SC, o segundo maior Estado produtor, a oferta foi normal, mas, como as outras regiões produziram menos, foi preciso escoar o produto.
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Tendência é que os grãos sigam com preço alto
A carne de frango ficou mais cara graças à subida do preço do milho, usado na ração das aves, como explica Ricardo Gouvêa, diretor da Associação Catarinense de Avicultura:
– Não somos auto-suficientes em milho e, além disso, fomos prejudicados pela estiagem. Nós ficamos, então, dependentes do milho de outros estados, como Paraná e Rio Grande do Sul, que também sofreram com a seca. No mercado internacional, o preço do grão subiu muito pela queda de oferta nos Estados Unidos.
Ano passado, o preço da saca do grão foi de R$ 20 para R$ 37, uma alta de 85%. O diretor da Acav diz que, neste começo de 2013, o valor do milho continua alto e que uma recuperação da avicultura só viria com a concessão de subsídios do governo federal para o frete chegar ao Estado.
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Efeito antecipado nos restaurantes
Os restaurantes de Florianópolis, que estavam acostumados a trabalhar com aumento de preços somente em dezembro, sentiram, em 2012, uma subida expressiva e antecipada dos alimentos. O Central, por exemplo, com unidades nas ruas Vidal Ramos, Esteves Júnior e Bocaiúva, começou a comprar ingredientes mais caros em outubro.
– O preço dos alimentos sobe todos os anos e, principalmente, em dezembro, por causa do aumento da demanda. Em 2012, a diferença foi que todos os produtos começaram a aumentar em outubro. Os que ficaram mais caros foram arroz, soja, milho, carne nobre bovina, pescados, suínos e aves. O preço do frango duplicou. Comprávamos o quilo a R$ 4 e, no final do ano, a R$ 8 – conta a gerente Priscila Araújo Franchini.
De acordo com ela, diante do aumento nos alimentos, o Central precisou reajustar o valor do bufê em 6%.
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– Decidimos pelo reajuste também porque fizemos uma pesquisa de mercado e vimos que todos os restaurantes estavam aumentando os preços. Era isso ou pagar para trabalhar.
No Delícias do Mar, no Sambaqui, o dono, Aquiles Gomes, diz que o aumento dos alimentos foi maior em 2012 do que em outros anos.
O empresário decidiu trabalhar com uma margem de lucro reduzida para manter os clientes, mas ainda aumentou o valor dos pratos entre 5% e 10%. Segundo ele, os ingredientes subiram, em média, 12%.
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Vida mais cara
O peso dos diferentes indicadores no custo de vida de Florianópolis (% do total):
Alimentação no domicílio – 69,55%
Alimentação fora do domicílio – 1,97%
Produtos não alimentares – 12,78%
Serviços de utilidade pública – 5,25%
Outros serviços – 10,45%
Quanto cada um destes itens subiu em 2012 (% variação)
Alimentação no domicílio – 5,58%
Alimentação fora do domicílio – 11,54%
Produtos não alimentares – 5,07%
Serviços de utilidade pública – 0,93%
Outros serviços – 7,93%
Os dez alimentos que ficaram mais caros (% variação)
Arroz macerado – 33,94%
Ervilha em conserva – 24,99%
Óleo de soja – 24,51%
Batata inglesa – 23,79%
Mamão – 22,37%
Carne de frango – 22,22%
Achocolatado – 19,79%
Suco de frutas – 18,19%
Feijão preto – 16,36%
Pernil de porco – 16,30%
Fonte: Centro de Ciências da Administração e Sócio Econômicas (Esag) da Udesc