Um processo de erosão que se intensificou nas últimas semanas ameaça casas de desmoronamento e provoca a interdição de nove edificações no Morro das Pedras, no Sul da Ilha, em Florianópolis.

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Moradores relatam que o avanço do mar combinado com a maré alta provocou estragos nas últimas duas semanas. Segundo a Defesa Civil de Florianópolis, dois ciclones extratropicais que atingiram a costa brasileira acentuaram essas condições do mar a partir do dia 10 de maio.

A situação já causou danos a pelo menos 12 propriedades, segundo a Defesa Civil, e nove edificações já foram interditadas. Três delas são casas, e uma delas estava a apenas 50 centímetros da encosta na noite desta quinta-feira (27), segundo o gerente de Operação e Assistência da Defesa Civil, Alexandre Vieira.

Na noite desta quinta-feira, segundo a Defesa Civil, a maré causou mais buracos que chegaram a um metro em algumas áreas.

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O município alega que não é possível fazer contenções com pedras, muros ou outros materiais rígidos. De forma emergencial, a Defesa Civil autorizou a colocação de sacos de areia que ajudam a amortecer o impacto das ondas. Desde então, os próprios moradores se revezam para colocar os sacos de areia duas vezes por dia – até mesmo durante a madrugada.

Os moradores protestam pedindo auxílio do município para tentar amenizar a situação. Fecharam por duas vezes nesta semana uma rua e a rodovia SC-406, e preparam nova manifestação com bloqueio do trânsito para sábado (29), 14h.

A Defesa Civil de Florianópolis afirma que está monitorando a situação no local buscando a proteção da praia, e que também já foi oferecido atendimento de assistência social e oferta de vagas em hotel para quem precisou deixar as residências. No entanto, por serem construções privadas, as medidas de contenção e uma eventual recuperação futura devem ser providenciadas pelos próprios moradores, segundo o gerente Alexandre Vieira.

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– A Defesa Civil está protegendo a praia, que não caia sobre a praia, e consequentemente para que não caiam as residências – afirma.

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André Luiz Vieira, morador do bairro que acompanha a situação e ex-presidente de uma associação formada pela comunidade, acredita que a contenção emergencial feita pelos moradores poderia ter uma resposta mais rápida com auxílio do poder público.

– A gente sabe que não dá para resolver, mas tem que ser mitigada a situação, de forma técnica e responsável – afirma.

“Receita de desastre”, diz morador

Não foram só as casas que sofreram com o avanço da erosão. Árvores e dois postes que suportavam a iluminação da orla também caíram e ficaram sob o mar. A prefeitura irá ao local nesta sexta-feira para definir como fará a retirada. Moradores também foram notificados e deverão retirar materiais e restos de construção que tenham ficado sobre o espaço que nas últimas semanas vem sendo ocupado pelo mar. Essa retirada, no entanto, só deve ocorrer depois que houver o recuo das águas.

Por enquanto, a região de cerca de 200 metros onde o problema está instalado está isolada. Nas casas mais próximas ao ponto onde ocorre a erosão, os móveis foram retirados. Os próprios moradores do bairro instalaram placas alertando sobre a interdição e o risco de morte que as pessoas correm ao permanecerem perto da encosta.

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– O que era plano, com postes, gurizada jogando bola, árvores, isso foi arrancado e ficou um buraco, um barranco de seis metros. Há casas trincando, rachando nesse momento a 10 metros (do mar). Nas casas que estão a um metro, os trincos são escutados da rua, que fica a 50 metros. A receita do desastre está montada – descreve o morador do bairro André Luiz Vieira.

Possível solução futura

Defesa Civil e moradores apontam que o avanço do mar pode terminar de forma breve ou demorar até dois meses. Por enquanto, a preocupação maior é com a previsão do final de semana e com a colocação dos sacos de areia para evitar mais estragos. A solução definitiva, segundo o gerente da Defesa Civil, após haver o recuo do mar, seria uma estrutura chamada de paliçada, uma espécie de recomposição da duna utilizando materiais como madeira e cabos de aço. No entanto, embora os moradores defendam que a prefeitura ajude na busca por uma resolução definitiva, essa estrutura também deveria partir dos proprietários.

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