Depois da eleição do governista Nicolás Maduro para a presidência venezuelana com vantagem de apenas 1,59 ponto sobre Henrique Capriles, a oposição passou o dia de hoje reunida para definir sua estratégia futura.

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E uma decisão já foi tomada: não será pedida apenas a recontagem dos votos, mas a “revisão de todo o processo eleitoral”, conforme disse a Zero Hora o principal assessor de Capriles para economia e políticas públicas, Ricardo Villasmil, nome tido como certo para ministro da Economia de um governo Capriles.

Mas não era só disso que se falava hoje na Venezuela. Há um consenso declarado por parte dos oposicionistas e tácito por parte dos governistas: o chavismo está em declínio, independentemente do resultado das urnas.

Maduro foi eleito com sua popularidade, ancorada na comoção representada pela morte de Hugo Chávez, escoando dia a dia. Nenhum analistas isento duvida: mais poucos dias de campanha e Capriles provavelmente venceria. Por outro lado, Capriles chegou muito próximo de virar uma vantagem que chegou a beirar os 30% (no início de março, quando Chávez morreu). Que leitura se faz disso? O marketing de Maduro é a comoção – e é um marketing que perde força. O marketing de Capriles é o desabastecimento, a inflação e a insegurança – e é um marketing que tende a crescer, uma vez que a economia venezuelana é toda ela dependente do petróleo, e isso tem limitações.

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Dentro de três anos, no meio do mandato de seis anos, haverá um referendo revogatório. É um instrumento previsto na Constituição para a população ratificar ou não a continuidade de um governo. Será que Maduro se sustenta?

Todo esse quadro sinaliza para dias tensos na Venezuela, ecoando as horas de aflição vividas na noite de domingo, quando os resultados foram divulgados duas horas depois do fim do prazo previsto inicialmente, em sinal de disputa acirrada. Tal expectativa, que deixou o país em vigília, levou as duas partes a armarem palcos para a festa da vitória.

Trata-se de uma tensão que o próprio governo, por meio do diretor do Banco Central, José Khan, vê como “um pântano”, mas, que, segundo ele, “será atravessado” sem medidas de austeridade que afetem os programas sociais.

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Além da insegurança pública, a inflação de março, foi de 2,8% e já chegou aos 25% no acumulado do ano, o que provoca desabastecimento de produtos básicos. Nem mesmo os chavistas mais empedernidos aceitam esse cenário.

A margem do futuro presidente para consertar esse caos está intimamente vinculada à busca de diversificação da economia, hoje petrodependente (o petróleo representa 95% das exportações e coloca o país em uma camisa de força). Há acordos envolvendo petróleo com Argentina, Bolívia, Brasil, Cuba (que recebe 100 mil barris diários da Venezuela em troca de serviços, especialmente no setor da saúde), Equador, Nicarágua, Uruguai e China.