Um garoto alegre, carinhoso e que amava o trabalho. A descrição do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG, é unânime entre amigos e colegas. O jovem de 26 anos foi encontrado morto na terça-feira, dia 22, dentro de uma creche na comunidade do Pavão-Pavãozinho, na zona sul do Rio de Janeiro. Na noite de segunda, houve tiroteio durante ação da Polícia Militar na área.
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DG era dançarino do programa Esquenta, comandado por Regina Casé na Rede Globo, há quatro anos. Em nota, a apresentadora lamentou a morte de DG. Foi na primeira temporada do programa que Graciele Ferreira, 31 anos, conheceu Douglas. E a empatia foi imediata.
– Ele era uma pessoa muito especial. Era muito guerreiro e só falava em trabalhar – lembra a também dançarina.
DG era um dos quatro integrantes do grupo de funk Bonde da Madrugada, criado há oito anos, em que além de dançarino também era vocalista. Graciele conta que Douglas estava feliz com a participação no programa da Globo e com o sucesso do grupo, que estava expandindo as apresentações para outros Estados. Também segundo a amiga, Douglas morava com a mãe, tinha uma filha de quatro anos e quando não estava atuando com o grupo ainda trabalhava como mototaxista.
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Em sua página pessoal no Facebook, DG compartilhava fotos e vídeos das apresentações do grupo, além de fotos com artistas que participavam do Esquenta. Em uma de suas últimas manifestações na rede social, Douglas postou o vídeo de uma apresentação do Bonde da Madrugada na Vila Kennedy e pediu “Paz e amor em todas as favelas e morros do Rio de Janeiro! #chegadeviolência”.
A morte de DG provocou uma onda de protestos na noite de terça-feira na zona sul do Rio. Com as manifestações, ruas foram interditadas na altura do Pavão-Pavãozinho e um homem de 30 anos morreu baleado. Na comunidade, a suspeita é de que DG teria sido morto a tiros pela Polícia.
MURILO REZENDE/FUTURA PRESS / ESTADÃO CONTEÚDO
Segundo laudo do Instituto Médico Legal (IML), obtido pelo Jornal da Globo, a morte teria sido causada por “hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax. Ação pérfuro-contundente”, ou seja, pela perfuração de um objeto.
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A ONG Justiça Global e a Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência afirmam que o jovem foi espancado pela polícia até a morte, após ser confundido com um traficante de drogas. A assessoria de imprensa do Comando de Polícia Pacificadora informou que a polícia foi chamada por moradores para retirar um corpo encontrado dentro da creche, que não tinha sinais de bala. Amigos do dançarino foram orientados a não comentar a ação da polícia.
Alegria e trabalho incessante
A vontade de integrar os grupos que participava era uma característica de DG. No dia 18 de abril, o dançarino criou um grupo no Whatsapp para reunir o elenco do programa e deu a ele o nome “Elenco fabuloso do Esquenta”. Na primeira mensagem, deixou clara a essa intenção: “Se liga rapaziada, criei esse grupo na intenção de unir todos do elenco, mais do que já somos unidos.”
– Ele era uma eterna criança, protetor demais, amigo de todo mundo, carinhoso. Não tinha uma pessoa que não gostasse dele – comenta Graciele.
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O enterro de DG está previsto para quinta-feira, dia 24, às 15h.
Reprodução/Facebook