Erna Iolanda Cipriano, 79 anos, e Zigfritz Taihetch, 77, tiveram a casa soterrada dia 24 de novembro, no Belchior Baixo, em Gaspar, Vale do Itajaí, Santa Catarina. Depois de três dias abrigado na casa de um vizinho, o casal voltou para o próprio terreno. Os dois refugiaram-se em um galpão a 200 metros acima da casa perdida.

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Apesar de a área ser considerada de risco, Erna insistia em voltar para o galpão para cuidar da criação de galinhas. Sábado à noite, o morro desmoronou. Até a noite deste domingo, os dois aposentados continuavam desaparecidos, na rua Silvano Cândido da Silva, no primeiro terreno de Gaspar após a divisa com Blumenau.

– Estávamos o tempo todo tentando tirar eles dali. Mas ela (Erna) era teimosa. Dizia que só sairia do galpão se alguém da Defesa Civil a obrigasse. Chegou a dizer que preferia morrer ali mesmo – contou na tarde deste domingo Adelírio Cipriano, enquanto acompanhava os trabalhos de resgate dos corpos da mãe e do padrasto.

A região onde aconteceu o desmoronamento tem dez casas. De acordo com o diretor da Defesa Civil do município, Luiz Mario da Silva, policiais militares de Blumenau foram até o Belchior Alto na sexta-feira pedir para que os moradores deixassem as casas. O pedido partiu da Defesa Civil de Gaspar, conforme Silva, por se tratar de uma área de risco.

– Nessas horas, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar são todos aparatos da Defesa Civil. Os policiais foram lá, mas muitas pessoas não quiseram sair. E o casal se retirou, mas no sábado voltou – afirmou Silva.

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Neste domingo, às 14h, moradores acompanhavam os trabalhos de buscas ao casal de idosos. Cães farejadores, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar atuavam no resgate dos desaparecidos.

No entanto, as buscas tiveram de ser interrompidas por falta de segurança. Segundo os bombeiros, a região oferecia risco de novos deslizamentos e o trabalho só seria retomado após a avaliação de um geólogo.

Davi João Schneider é vizinho de Erna e Zigfritz. Durante três dias, ele abrigou o casal de idosos. Mas nem o apelo dele e dos filhos de Erna fez com que os dois deixassem de voltar para o terreno que corria risco. Uma hora antes da avalanche de terra destruir também o galpão de Erna e Zigfritz, Davi esteve lá. Já em casa, ouviu quando o morro começou a desabar.

– Eu estava em casa com minha esposa e filha. Ouvi um estrondo, corri pro quarto e vi que o morro estava descendo. Saímos todos de casa correndo. Em questão de 30 segundos já estava tudo debaixo da terra – lembrou Davi.

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De acordo com a Defesa Civil do município, apesar de não ter chovido nos últimos dias, o desmoronamento pode ter sido provocado pelos bolsões de água que se formaram embaixo da terra.