A força-tarefa envolvendo bombeiros, Defesa Civil e polícia militar ambiental acredita ter conseguido isolar a propagação das chamas que atingem pontos no interior do Parque da Serra do Tabuleiro. O fogo no início da tarde desta quinta-feira era mais intenso em três locais: Praia do Sonho, Estrada Geral do Morrete e área próxima ao Centro de Visitantes.
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Segundo o major Daniel Fernandes, dos bombeiros, aos poucos o incêndio começa a ser controlado.
– Nosso esforço foi para conseguir manter o fogo em uma região onde sabemos que não irá mais se espalhar. Mesmo que o vento mude, não teremos problemas – avalia o comandante da operação – Mas continuamos em alerta em razão dessa possibilidade de incêndio criminoso – concluiu.
O administrador do parque, Alair de Souza, prefere manter a cautela.
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– As chamas ressurgem, apagam e voltam a todo momento. Quando combatemos em um ponto, o fogo surge forte em outro – explicou.
A esperança de que o problema seja resolvido logo se apóia na previsão do tempo, já que a tarde deve ser de chuva na região.
Na manhã desta quinta-feira, depois que o vento agravou a situação, o Exército acionou uma equipe para reforçar o combate ao incêndio. Os trabalhos recebem o apoio de 23 homens do 63º Batalhão de Infantaria.
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Além dos três caminhões dos bombeiros com 4 mil litros de água em cada, equipes percorrem o parque por terra fazendo o trabalho como batedores. Em uma estrada de terra, com cerca de dois quilômetros, o bombeiro voluntário Vítor de Freitas Batista, 24 anos, joga água na vegetação. O objetivo é impedir que o fogo se alastre para o outro lado da via, para que as chamas não se aproximem da BR-101.

Foto: Gabriela Rovai / Agência RBS
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O incêndio começou por volta das 19h30min de terça-feira. As chamas, de grandes proporções, podem ter destruído de 70 a 100 hectares, indica o levantamento preliminar. As causas não foram identificadas, mas há relatos sobre a possibilidade de incêndio criminoso. Testemunhas disseram aos bombeiros ter avistado uma dupla em uma moto, suspeita de ter ateado fogo em pontos distintos do parque.
Na quarta-feira, a espessa camada de fumaça tomou conta da região. Moradores reclamavam de dificuldade para respirar. Motoristas que cruzavam por vias internas e estradas tiveram de ter atenção redobrada em razão da baixa visibilidade. A Polícia Militar Rodoviária chegou a ser acionada para fazer a sinalização e reduzir os riscos.
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Foto: Charles Guerra / Agência RBS
Helicópteros com bolsões de água passaram o dia atuando nos pontos críticos. Por terra, batedores avançaram pela mata combatendo pequenos focos no trabalho braçal. Alunos dos bombeiros foram acionados, assim como unidades dos bombeiros de outras cidades e bairros.

Foto: Charles Guerra / Agência RBS
Por volta das 16h desta quarta-feira, a mudança no vento levou o fogo para perto de residências no bairro Morretes. Alguns moradores chegaram a ser retirados de casa, mas depois a situação ficou mais tranquila.
Cenário de destruição:
Quem circulou nesta quarta-feira pelo Parque da Serra do Tabuleiro presenciou um cenário de devastação. A área destruída na maior unidade de conservação de Santa Catarina pode chegar a 100 hectares (o que seria equivalente a 100 campos de futebol). Segundo os técnicos do parque, dentro da área atingida pelo fogo estava a vegetação de restinga, considerada importante para a biodiversidade, preservação de animais e do banhado.
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Morte de animais:
A Fundação do Meio Ambiente (Fatma) deverá divulgar nesta quinta-feira um relatório mais detalhado sobre os danos no Parque da Serra do Tabuleiro. A situação preocupa em razão da diversidade na fauna e flora.
Além da vegetação de restinga, terreno arenoso e coberto por plantas rasteiras, bromélias de chão e samambaias, a área conta com córregos, rios e importantes nascentes. Ainda não se sabe de que forma esses sistemas foram prejudicados pelo incêndio.
Sobre a morte de animais, a região pode ter perdido aves, roedores e cobras. Além disso, há preocupação com a morte do gato-do-mato, animal apontado como emblemático no parque.
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– A área queimada é praticamente irrecuperável. Animais que não conseguiram fugir acabaram morrendo – técnica-administrativa do parque, Morgana Eltz.
Em meio ao incêndio, uma capivara foi fotografada fugindo. Ela cruzou a rodovia e buscou refúgio em moradias próximas.

Foto: Charles Guerra / Agência RBS
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