Para que o idioma não seja uma barreira na peregrinação anual a Meca, uma patrulha especial de intérpretes se dispõe a ajudar os dois milhões de muçulmanos, que falam 10 línguas diferentes e realizam o hajj a partir deste domingo (19).

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O hajj, que dura seis dias, é um dos cinco pilares do Islã e deve ser cumprido por todos os muçulmanos ao menos uma vez na vida, caso tenham recursos para ir à Arábia Saudita.

A maioria dos muçulmanos do mundo não fala árabe. A Indonésia é o país com a maior comunidade muçulmana, e dezenas de milhões de fiéis falam urdu, idioma nacional do Paquistão.

Cerca de 80% dos peregrinos que vão a Meca não falam árabe, de acordo com Mazen al-Saadi, do escritório de tradução do hajj.

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Sua equipe fornece serviços de tradução 24 horas por dia em inglês, francês, farsi, malaio, hausa, turco, chinês e urdu, o idioma mais falado entre os peregrinos.

Para Samir Varatchia, oriundo da ilha francesa de Réunion, no Oceano Índico, ver a equipe de tradutores é um alívio.

“Não sei muito árabe”, reconhece Varatchia à AFP.

“A tradução ao francês ajudará a compreender as coisas, como os sermões”, completou.

– Indispensável –

O intérprete tunisiano Abdulmumen al-Saket está feliz em ajudar, muitas vezes respondendo perguntas pelo celular.

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“Tentamos ajudar em tudo o que podemos, inclusive lendo mapas”, explica. “Algumas pessoas pedem os nossos números pessoais para ligarem depois se precisarem de ajuda”, continuou.

A Meca chegam peregrinos de todo mundo, e alguns falam apenas urdu, conta Saadi.

Muitas placas estão traduzidas somente para o inglês, urdu e, em alguns casos, o francês.

A Grande Mesquita de Meca fornece alguns serviços de tradução e interpretação para os peregrinos, mas para questões práticas, a equipe de Saadi, composta por 80 pessoas, tornou-se indispensável.

“A maior parte dos peregrinos não fala árabe, e eles ficam com medo de perguntar se houve um acidente”, conta à AFP em árabe Sanaullah Ghuri, um tradutor indiano.

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Uma explosão em 2015 deixou mais de 2.000 mortos em Mina, bairro de Meca onde ocorre um ritual simbólico de lapidação do diabo.

Muitos peregrinos não entendiam as instruções das forças de segurança, dadas em árabe.

– ‘Mais confortáveis para pedir ajudar’ –

O hajj apresenta grandes desafios logísticos às autoridades sauditas.

O Islã é a religião que cresce mais rápido atualmente, segundo o Pew Research Center, que calcula que o número de muçulmanos no mundo passará de 1,8 milhão, em 2015, para 3 milhões, em 2060.

A Arábia Saudita lançou recentemente um programa de reformas impulsionado pelo príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman que inclui milhões de dólares dedicados a iniciativas tecnológicas.

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Fornecer serviços aos dois milhões de peregrinos é uma façanha, e as autoridades se esforçam para fazer um “hajj inteligente” este ano, com aplicativos que deem informações sobre serviços médicos de emergência e guias geográficos de Meca e Mina.

Um dos aplicativos de celular traduzirá os sermões do hajj para cinco idiomas.

Na opinião de Ghru, o tradutor indiano, a presença de intérpretes facilita a experiência do hajj para os peregrinos.

“Quando veem alguém falando seu idioma, se sentem mais confortáveis para pedir ajuda”, assegura.

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* AFP