Deu no New York Times. Mas não foi só. Os atributos naturais e, digamos, humanos, disponíveis em Floripa também foram foco de reportagens na revistas Newsweek e nos jornais Guardian e Independent. A britânica BBC já chegou a comparar as belezas naturais de Floripa à exuberância do Hawai, a vida noturna da Ilha à vibração da espanhola Ibiza e o nosso conglomerado de jet-setters à constelação comum dos verões de St. Tropez.

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O resultado dessa divulgação, somado ao mais poderoso meio de marketing – o boca a boca entre viajantes – pode ser conferido nas ruas da cidade. Especialmente na região da Lagoa da Conceição, uma verdadeira babel linguística toma lugar nos bares, cafeterias e restaurantes.

A Revista de Verão acompanhou os gringos dia e noite. Colheu as impressões e os desejos desses turistas, identificáveis, além da língua, pelas Havaianas nos pés, bermuda, camiseta e mochila nas costas.

Balada, esportes e praia

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Explorar as praias, praticar esportes e cair na balada. Não necessariamente nessa ordem, são esses os principais objetivos dos estrangeiros que aterrisam no Hercílio Luz, boa parte vindos do Rio de Janeiro (ou indo para lá), o primeiro destino turístico de estrangeiros que vêm ao Brasil, seguido por SC.

– Muitos já chegam aqui perguntando onde ficam Pacha e o P12 – explica Ryan Lemos, coordenador da recepção do Sunset Backpackers, um dos mais badalados hostels da Ilha.

Craig O’Sullivan, 26 anos, e Ben Jennings, 20 anos, ambos de Newcastle, Inglaterra, ilustram bem a vontade de festa que move muitos estrangeiros por aqui. Em poucos dias na Ilha conheceram alguns dos principais clubes de Santa Catarina. No dia seguinte à chegada deles, Michel Teló faria um show no P12. Mesmo sem nunca ter escutado a melô grudenta Ai se Eu te Pego, os ingleses se motivaram pela excursão organizada no hostel onde se hospedaram e na qual embarcaram cerca de 30 hóspedes na tarde de uma quinta-feira da Praia Mole em direção a Jurerê.

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– Foi a melhor balada em que já fui. A música é divertida, o lugar é fantástico e a festa foi animada – comentou Craig.

Dois dias depois da festa no P12, o destino da dupla, na companhia de mais alguns amigos recém feitos no hostel, seria a Green Valley, em Camboriú. A noite da Lagoa da Conceição, em função da facilidade da localização para os muitos estrangeiros que se hospedam nos albergues da região, também atrai.

Colombianos, Ricardo Ocampo e Alejandro De Laire, ambos de 28 anos, também vieram em busca de curtição. Junto com Craig e Ben, eles embaracaram no ônibus escolar americano que fez o traslado dos hospedes do hostel até o P12. Mas o foco da galera na balada não diminui a energia para curtir um dia na praia ou aprender um novo esporte. Eles só não querem é saber de descanso.

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Mochileiro com muito estilo

Boa parte dos jovens estrangeiros que escolhem Floripa como destino de férias prefere se hospedar em hostels. Mas a escolha não ocorre em função de um orçamento de viagem apertado. Até porque, ao optar, por exemplo, por um quarto de apenas duas pessoas, o hóspede do hostel possivelmente pagará mais do que em uma pousada simples ou em um hotel do tipo econômico, no Centro.

A opção pelo albergue entre os mais jovens ocorre por uma questão cultural e de hábito, mas também porque no hostel fica mais fácil conhecer gente, fazer amigos e pegar dicas quentes com gente que está finalizando a viagem.

O Sunset Backpackers, por exemplo, além de um pub que promove animadas festas brasileiras, o que já privilegia o convívio entre os hóspedes, organiza uma programação repleta, que oferece desde opções de esporte e ecoturismo até praia e balada. Outro trunfo do hostel, além das recomendações em sites de referência como, hostelworld.com, é a localização, entre a Lagoa e a Praia Mole, e a estrutura, que oferece até piscina. Por lá, mais de 80% dos hóspedes têm passaporte gringo. Entre eles, estão principalmente australianos, ingleses e israelenses.

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O público do hostel vem, geralmente, com verba para investir em passeios e em baladas mais caras. Mas nem por isso, deixa de achar altos os preços por aqui.

– Comida e bebida custam mais ou menos o mesmo que na Europa, mas acho as festas muito caras – disse o sueco Mikael Lindahl, de 20 anos.

Quem vem achando que “tripar” no Brasil é barato, se supreende mesmo.

– Aqueles que vêm do Peru, Bolívia acham que por aqui vão encontrar os mesmo preços e se assustam quando chegam – destaca Junior Nunes, dono do hostel.

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Na comparação com os brasileiros, os turistas estrangeiros são exigentes.

– Eles cobram mais em relação aos serviços e horários. Volta e meia eles perguntam quando acertamos o horário de algum passeio: “Mas é pelo horário brasileiro ou pelo horário de verdade?” – conta Ryan Lemos, funcionário do Sunset Backpackers.

Segundo uma pesquisa divulgada em 2011 pelo Ministério de Turismo, a preferência por Florianópolis como destino entre estrangeiros aumentou 55% de 2004 para 2010.

Em busca de aventura

Muitos turistas estrangeiros procuram aprender algum esporte durante a estada por aqui. Mikael Lindahl, sueco, 20 anos, ficou quatro dias em Floripa, onde fez questão de incluir o rafting em Santo Amaro da Imperatriz no pacote que é vendido pelo albergue onde se hospedou.

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Daniel Seiler, alemão de 21 anos, não vai embora antes de aprender a surfar. Ele gostou tanto da Ilha que decidiu ficar mais tempo que o previsto. Prevendo esse tipo de situação, o Backpacker Sunset, da Praia Mole, seguiu o que muitos hostels pelo mundo fazem e passou a oferece uma possibilidade aos hóspedes que querem esticar a permanência em Floripa: trocar hospedagem por trabalho.

Assim, Daniel ganha “teto” e alimentação em troca do trabalho no bar do hostel e pode ficar o tempo suficiente para aprender a surfar. Desenvolto, o alemão já está craque na produção do drinque mais pedido por ali: a caipirinha. A exemplo de Daniel, Jenny Stahl veio do Alasca, nos Estados Unidos, para aprender a surfar.

O israelense Matan Ring, de 25 anos, está em Florianópolis pela terceira vez. Gosta da cidade, pois sente por aqui um clima relax, ligado ao cotidiano do surfe e à natureza, e admira a cultura local. Talvez por isso, um dos redutos preferidos de Matan seja a Barra da Lagoa, onde reconhece mostras da cultura açoriana.

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Diferente de muitos estrangeiros, o israelense quase não curte baladas de música eletrônica. A preferência dele é pelo samba mesmo.

É preciso avançar

Às voltas com modelos internacionais, Mory Traore, de Guiné, mas que vive nos EUA, promove as festas com a marca I hate models. Ele e o irmão, Fontaine, vieram a Floripa atraídos pela natureza e por gente bonita.

– Você chega aqui e é realmente incrível, como as fotos mostram – elogia Mory.

O roteiro incluiu um warmup no Second Floor e a balada na Posh, uma das mais vips da Ilha. E agradou.

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As belezas naturais precisam de mais estrutura, dizem eles, para que Floripa tenha jeito de Ibiza ou St. Tropez.

– O clima é propício, as mulheres são lindas. Vocês têm o principal. E é por isso que viemos até aqui.

Viaje sem sair do lugar

Quer conhecer gente diferente e, de quebra, treinar o inglês? O bar e restaurante do Sunset Backpackers é aberto ao público e em algumas noites oferece música ao vivo. A partir do manjado Where are you from? (de onde você é?) podem surgir amizades internacionais. Outro local que reúne muitos gringos é o Blackswan Pub, na Lagoa da Conceição, que transmite jogos de futebol das ligas inglesa, espanhola e italiana num climinha de autêntico pub inglês com direto a pints de Guiness e autênticos fish and chips.

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