Os pacientes na fila para a cirurgia ortognática em Joinville estão há dois meses à espera do conserto dos equipamentos utilizado neste procedimento no Hospital São José, sem respostas ou uma data para a reativação dos agendamentos. Essa cirurgia é recomendada para quem possui algum tipo de deformidade óssea na região bucomaxilofacial: por meio de cortes ósseos, ela reposiciona os maxilares para que tenham melhor engrenamento dentário e melhorem a estética dos rosto.
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Entre os pacientes está Naiara Formagi Lamin, 20 anos, que estava prestes a passar pelo momento com o qual sonhava desde os 11 anos quando recebeu a notícia de que os três aparelhos estavam estragados. Naiara descobriu o problema de saúde no fim da infância e, aos 16 anos, começou a preparação para a cirurgia bucomaxilofacial, que só deve ser feita após o término do crescimento.
— Antes da cirurgia é necessário fazer o alinhamento dos dentes, e isso não tem cobertura pelo SUS, tem que ser feito em consulta particular. Foi uma batalha bem grande porque meu caso é tipo 3, que é o mais severo — conta ela.
A liberação para a cirurgia pelo sistema público de saúde veio em 4 de junho, depois de um investimento de pelo menos R$ 10 mil na rede particular para o pré-operatório. Se fizesse a cirurgia em hospital particular, o custo poderia chegar a R$ 60 mil apenas para o procedimento. Naiara encaminhava a documentação quando ficou sabendo que outras cirurgias haviam sido canceladas, com a previsão de serem retomadas em um mês.
No entanto, a fila parou e ninguém mais foi contactado para realizar o procedimento. Nas últimas semanas, nem Naiara nem os outros pacientes conseguem ser atendidos pela Secretaria Municipal de Saúde ao buscarem mais informações.
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Atraso no procedimento pode retroceder tratamento
Enquanto isso, ela se preocupa que o investimento feito até agora seja perdido. O período pré-operatório garante que os dentes estejam na posição exata para a realização da cirurgia, mas eles podem começar a desalinhar com o tempo e a jovem precisaria retroceder no tratamento. A demora para a correção da assimetria facial também atrasa o dia em que Naiara terá maior qualidade de vida.
— Já perdi parte da audição e não consigo respirar pelo nariz, só pela boca. Também tenho muita dor, a ponto de precisar tomar morfina na unidade de saúde, e enxaqueca tensional. E há muitos anos não como carne, nem nada que exija esforço na mastigação — explica ela.
Contraponto
Em forma de nota, a Prefeitura de Joinville informou que está providenciando o conserto do equipamento para a cirurgia bucomaxilofacial no Hospital São José e que, assim que ocorrer a reativação do mesmo, será feito o agendamento para a cirurgia. Segundo a Prefeitura, o equipamento precisa que uma peça do equipamento seja trocada e a Secretaria da Saúde está verificando essa troca com o fornecedor.
Do início do ano até o início de junho, 17 cirurgias ortognáticas foram realizadas no Hospital São José. Mas, neste momento, não há previsão de novos agendamentos.
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