Perto de completar o prazo decisivo de três dias para encontrar sob os escombros sobreviventes do forte terremoto que deixou 480 mortos no Equador, bombeiros e equipes de resgate prosseguem nesta terça-feira com os trabalhos para tentar detectar sinais de vida nas ruas devastadas.
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Pelo menos 480 mortos, 2.560 feridos e 1.700 desaparecidos é o novo balanço do poderoso terremoto que atingiu no último sábado a costa equatoriana, segundo informou nesta terça-feira Diego Fuentes, vice-ministro do Interior.
“Nós temos 2.000 registros de pessoas que estão sendo procuradas, mas já encontramos 300”, acrescentou.
Fuentes explicou que o ministério criou uma plataforma para que as pessoas “que tiverem uma necessidade de busca possam gerar um registro” para que as autoridades tentem localizá-las.
“Isso ainda não é oficial, até a tarde poderemos dar um número oficial de pessoas desaparecidas”.
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Em meio a esta grande tragédia, o presidente americano, Barack Obama, prometeu ao contraparte equatoriano, Rafael Correa, ajuda humanitária.
Segundo a Presidência americana, Obama telefonou para Correa “para expressar suas condolências e as dos americanos diante da perda de vidas” devido ao sismo.
Na conversa, Obama “assegurou ao presidente Correa que os Estados Unidos farão tudo o que puderem para oferecer apoio à reconstrução do Equador. O presidente Correa agradeceu aos americanos por sua assistência neste momento difícil”, informou a Casa Branca em nota.
Pouco antes, o porta-voz da chancelaria americana, John Kirby, informou que o secretário de Estado, John Kerry, havia telefonado para o colega equatoriano, Guillaume Long, para reiterar a oferta de ajuda humanitária.
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Segundo Kirby, durante a conversa, Kerry “reiterou o compromisso do povo americano em apoiar os cidadãos equatorianos neste momento tão, tão difícil”.
Neste diálogo, os dois diplomatas também comentaram a chegada ao Equador de uma equipe da Agência Americana de ajuda para o Desenvolvimento Internacional (USAID) para participar “da distribuição de ajuda de emergência às populações afetadas pelo terremoto”.
Correa determinou o fim das atividades da USAID no Equador em dezembro de 2013, após acusar a agência de financiar a oposição.
Nos locais afetados pelo tremor, familiares dos desaparecidos, impacientes e cansados, mas ainda com esperança, acompanham os tarefas de resgate do que o presidente Rafael Correa chamou de “pior tragédia em 67 anos”.
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No balneário turístico de Pedernales (oeste), epicentro do terremoto de 7,8 graus de magnitude, registrado no sábado às 18H58 (20H58 de Brasília), e que também deixou mais de 2.000 feridos na costa equatoriana e cidades destruídas, a esperança persiste, apesar do número de vítimas aumentar a cada dia.
Diante da montanha de escombros onde antes era o hotel Royal, um complexo de cinco andares com piscina, Laura Taco observa os trabalhos dos bombeiros e espera alguma notícia milagrosa sobre sua sobrinha e sua cunhada.
“Não entraram em contato e temos certeza de que estão aqui, porque o carro está na parte de trás, no estacionamento do que era o hotel Royal”, disse à AFP.
As histórias de resgates de sucesso 48 horas depois do tremor e o trabalho incansável dos bombeiros, policiais, militares e cães farejadores, assim como voluntários de outros países, mantêm a esperança dos parentes.
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Na segunda-feira, uma pessoa foi resgatada com vida dos escombros na cidade de Portoviejo, no local em que ficava o hotel ‘El Gato’.
Na mesma cidade do estado de Manabí (oeste, o mais afetado), o centro devastado, com edifícios que desabaram e ruas repletas de postes sobre o asfalto, foi abandonado e conta apenas com a presença das forças de segurança para evitar saques.
O terremoto, de mais de um minuto de duração e considerado o mais forte no Equador em 40 anos, devastou a costa do país, do sul ao norte, com vários edifícios reduzidos a escombros, estradas destruídas e blocos de pedra e ferro retorcido nas áreas frequentadas por turistas.
Desde sábado foram registrados mais de 200 tremores secundários, que devem prosseguir nos próximos dias no país, “em estado de exceção”.
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Em uma visita a Pedernales na segunda-feira, o presidente Rafael Correa advertiu que a reconstrução da região vai demorar anos e custará “centenas, provavelmente bilhões de dólares”.
O governo equatoriano ativou fundos de US$ 450 milhões para a reconstrução e receberá linhas de financiamento do Banco Mundial, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e outras instituições, assim como ajuda material e humana de países como Venezuela, Colômbia, Espanha e Peru.
Correa pediu ao país que aprenda com a tragédia.
“Desta dolorosíssima experiência, tomara que tiremos lições para o futuro. Depois do terremoto do Haiti, começaram a estudar normas de construção muito mais fortes, que já eram aplicadas em 2014, mas antes disto realmente havia construções tremendamente precárias e por isso, talvez, os danos são maiores”.
O presidente estimulou os equatorianos a ser “mais rígidos nas normas de construção”.
“Muitos edifícios desabaram pela construção ruim. Ninguém quer eludir responsabilidades, mas esta responsabilidade e sobretudo dos governos locais”, disse Correa.
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De acordo com as autoridades, o balanço de 413 vítimas fatais e mais de 2.000 feridos deve aumentar nos próximos dias.
Entre os mortos há sete colombianos, um americano, uma irlandesa e dois canadenses.
jm/fp/mr