O Equador concedeu a nacionalidade ao criador do site WikiLeaks, o australiano Julian Assange, asilado em sua embaixada em Londres desde 2012, em uma tentativa vã de resolver sua delicada situação.
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A chanceler María Fernanda Espinosa afirmou nesta quinta-feira (11) que, após conceder-lhe a naturalização em 12 de dezembro, o governo equatoriano pediu a Londres que reconhecesse Assange como “agente diplomático”.
“Este pedido foi negado em 21 de dezembro”, acrescentou a diplomata, explicando que o Equador não insistirá nesta opção, proposta para “incrementar” as “possibilidades de proteção” de Assange.
O fundador do WikiLeaks, site que difundiu milhares e milhares de segredos oficiais americanos, entrou na embaixada equatoriana em Londres em 2012 para escapar de sua extradição para a Suécia, onde a Justiça queria interrogá-lo como suspeito de vários delitos sexuais que ele nega.
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Assange sempre denunciou que se trata de um pretexto para ser enviado aos Estados Unidos, onde teme sofrer represálias.
– Mediação –
No entanto, a manobra equatoriana não teve o efeito desejado e Assange prosseguirá recluso na sede diplomática.
“A finalidade pretendida foi permitir (a Assange) gozar de privilégios e imunidades outorgadas pela Convenção de Viena sobre agentes diplomáticos, e isto foi imediatamente rejeitado pelo Reino Unido, que considerou que é uma forma artificial de burlar as disposições do direito internacional”, explicou à AFP o ex-chanceler equatoriano José Ayala Lasso.
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“Estamos procedendo com total falta de seriedade e é necessário que o governo retifique não só estas ações, mas estas pseudo-políticas que o guiaram no campo internacional”, acrescentou.
Espinosa insistiu, por sua vez, em que Quito continue explorando “outras vias de solução” para a situação de Assange.
Entre elas, acrescentou, “uma possível mediação e bons ofícios de autoridades de renome, outros Estados ou organismos internacionais, que possam facilitar uma solução justa, definitiva e digna para todas as partes envolvidas”.
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“Continuaremos buscando alternativas” de acerto em coordenação com o Reino Unido, enfatizou.
– “Não há diálogo” –
No entanto, um porta-voz do ministério das Relações Exteriores britânico informou na quinta-feira, em um comunicado, que “não há diálogo com o Equador sobre este assunto”, após ser rejeitado o pedido para que Assange fosse tratado como agente diplomático.
“O Equador sabe que a única forma de resolver este assunto é que Assange abandone a embaixada para enfrentar a Justiça”, acrescentou.
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Assange passaria algumas semanas na prisão no Reino Unido por ter violado os termos de sua liberdade condicional, mas seu grande temor é acabar sendo extraditado aos Estados Unidos e julgado pela difusão dos documentos secretos.
A equipe de advogados de Assange lembrou, em um comunicado no Twitter, que um comitê legal da ONU avaliou que “Assange está detido ilegal e arbitrariamente”.
O ex-chanceler Ayala Lasso afirmou que o asilo dado a Assange em 2012 “gerou problemas” ao Equador e “rendeu (ao país) uma má vontade dos Estados ofendidos por Assange e um desprestígio internacional”.
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Desde que lhe concedeu o asilo, Quito espera que as autoridades britânicas lhe entreguem um salvo-conduto para que possa sair do Reino Unido.
A chanceler ratificou pela enésima vez o asilo concedido a Assange pelo governo de Rafael Correa (2007-2017), agora adversário de seu sucessor e ex-aliado, o presidente Lenín Moreno.
* AFP