A Epagri de Ituporanga identificou a presença inédita do vírus “Iris yelow spot vírus” que está prejudicando as lavouras de cebola de Santa Catarina. Uma das características da doença é a queima repentina das folhas, como se fosse “sapecadas”. Também aparecem sintomas como manchas amarelas ou verde claras em formato de losango nas folhas ou no pendão.

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De acordo com os pesquisadores Edivânio Rodrigues de Araújo e Renata de Souza Resende o vírus é transmitido pelo tripes ou piolho da cebola, que é o principal inseto-praga das lavouras.

A presença da praga é associada aos períodos de estiagem.

– Essa é uma informação importante em termo epidemiológicos uma vez que em anos mais secos e com maiores infestações por tripes os riscos de ocorrência da doença se elevam – disse Araújo.

Esta é a primeira vez que o “Iris yelow spot vírus” é identificado no Sul do Brasil. O último registro tinha sido observado no Nordeste, em 1994. A confirmação veio após o envio de amostras ao laboratório da Embrapa Hortaliças, em Brasília.

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Agora já foram identificados em lavouras de Ituporanga, Campos Novos e Aurora. No entanto alguns produtores acreditam que a doença já estava atacando as lavouras em anos anteriores. O presidente do Sindicato Rural de Ituporanga, Arny Mohr, disse que já viu lavouras com sintomas parecidos. Ele confirma que a presença do vírus está ligada à estiagem. E prevê quebra na lavoura de 18 hectares que cultiva com o auxílio do filho.

– No ano passado colhi 700 toneladas de cebola, neste ano vamos ter uma quebra de 30%, pelo clima e também pelo vírus – avaliou.

Santa Catarina é o maior produtor de cebola do Brasil. No ano passado foram colhidas 546 mil toneladas. Mohr acredita que somente no início do ano que vem poderá haver redução da oferta. Mas isso também vai depender da oferta de outras regiões produtoras.

– A gente não sabe o quanto pode variar pois o preço da cebola oscila muito – disse.

O engenheiro agrônomo Jurandi Gugel, do Centro de Socieconomia e Planejamento Agrícola da Epagri, avaliou que é cedo para identificar o impacto do vírus na lavoura.

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Por isso a Epagri de Ituporanga vai realizar estudos para verificar como ele se dissemina e manejo para minimizar o impacto. Por enquanto é recomendado o controle do tripes, controle das ervas daninhas, manejo correto de adubação e práticas conservacionistas como cobertura de solo.