Grande parte da história do campo catarinense pode ser contada a partir a estação experimental da Epagri em Lages. A primeira instituição de pesquisa agropecuária do Estado completa cem anos nesta terça, dia 3. São trabalhos que vão desde a introdução das raças europeias no começo do século passado, até as pesquisas atuais para a substituição do pinus na Serra.

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A estação tem três linhas principais de pesquisa: agropecuária, recursos florestais e melhoramento do campo nativo. Os estudos sobre o gado apresentaram resultados positivos logo nos primeiros anos das atividades. Em 1914, os rebanhos bovinos eram basicamente de animais crioulos nativos, mas a partir daquele ano a estação experimental começou a introduzir raças europeias.

Atualmente, das quatro milhões de cabeças de gado do rebanho catarinense, pelo menos 80% são de raças europeias, destaca o veterinário Vilmar Francisco Zardo, chefe da estação experimental. A vantagem destes animais é produzir mais terneiros ao longo da vida, ser mais fértil, ter carne mais macia e ficar pronta para o abate com até metade do tempo de um animal sem raça.

Hoje, a Epagri mantém na estação de Lages o único rebanho de gado flamengo puro do Brasil. São 50 fêmeas produtoras de carne e leite que, por meio de clonagem e transferências de embrião, são reproduzidas para futuros cruzamentos. Na próxima década, os flamengos começarão a servir aos pequenos produtores. Para daqui a cinco meses está previsto o nascimento do primeiro lote de cinco clones de uma mesma vaca, que há 23 anos vive na estação.

– Nosso objetivo é manter a raça por ter várias qualidades, como o fato de ser mista, que produz carne e leite. Ela é ideal para os pequenos produtores – diz Zardo.

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Também em 1914, foram introduzidas espécies estrangeiras para fornecer alimentos aos animais no outono e no inverno. Espécies como aveia, azevém, trevo e lanudo foram trazidas há quase um século e hoje estão disponíveis em qualquer loja de produtos agropecuários.

Depois de importar as forrageiras, entre 1914 e 1974, a Epagri está com as primeiras sementes de uma espécie nativa, a bromus, para disponibilizar aos produtores. Também está prestes a ser lançada, em parceria com a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) do RS, a aveia perene Santa Vitória. Ambas foram melhoradas para garantir produtividade maior e suprir as necessidades dos animais.