Depois de um protesto de Garry Kasparov contra o regime da Rússia que culminou com sua prisão, em 2007, o então presidente Vladimir Putin estranhou o fato de que o veterano enxadrista e líder de oposição costumava falar em inglês sobre sua detenção, e não em russo.Kasparov ignorou a declaração chauvinista e continuou falando em inglês e, especialmente, criticando Putin.

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O público presente ao Salão de Atos da UFRGS a partir das 19h30min de hoje poderá comprovar que ele é capaz até mesmo de fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Nada comparável aos multitalentos de Putin, que, na quinta-feira, foi saudado em Moscou por uma manifestação de modelos com um cartaz onde se lia “Putin’s Girls” (Garotas de Putin).

Quem espera ouvir uma exposição sobre as vantagens da Combinação Lasker-Bauer ou os bastidores da partida contra o computador Deep Blue, porém, pode se decepcionar. Kasparov não esquece o esporte – sim, para ele se trata de um esporte – que o tornou famoso, mas prefere falar sobre política, especialmente a da Rússia. Ele ingressou nesse universo em 1984, ao se filiar ao Partido Comunista da União Soviética na antessala da era Gorbachev. Tinha 21 anos. No ano seguinte, o mesmo em que se iniciariam a glasnost (degelo) e a perestroika (reestruturação econômica), Kasparov tornou-se o mais jovem ser humano a conquistar o Campeonato Mundial de Xadrez. Com o fim do regime, juntou-se a grupos que pregavam a consolidação da democracia, mas entrou em rota de colisão com Putin e seus aliados.

Kasparov chegou ao Brasil na segunda-feira, a convite do Fronteiras do Pensamento e da Associação para o Desenvolvimento do Xadrez (ADX). Em São Paulo, na terça, ele fez a apresentação da Kasparov Chess Foundation, ONG internacional fundada por ele com a missão de levar os benefícios do xadrez para as escolas, incrementando o aprendizado. Na quinta, ele falou a convidados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sobre o livro How Life Imitates Chess (Como a Vida Imita o Xadrez), de sua autoria, e na sexta, participou da abertura do 1º Seminário de Xadrez Escolar.

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O Fronteiras do Pensamento é apresentado pela Braskem e tem o patrocínio de Unimed Porto Alegre, Natura, Gerdau e Grupo RBS. Parceria cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e prefeitura municipal de Porto Alegre, módulo educacional Refap e apoio Anhanguera Educacional. Os ingressos para a conferência de hoje estão esgotados.