Entrevistar Mario Celso Petraglia nos últimos meses não é tarefa fácil. Um dos principais defensores da realização de uma Copa do Mundo no Brasil – e mais especificamente em Curitiba – há pelo menos 15 anos, o atual e controverso presidente do Atlético Paranaense optou por blindar o clube das entrevistas com a imprensa local. Desde o início do ano, dirigentes, atletas e comissão técnica não falam com os veículos da cidade. Sobre qualquer tema.

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As informações são dadas exclusivamente via site e veículos de comunicação do clube, como a TV CAP ou a recém-lançada Rádio CAP. A justificativa do clube é mercadológica.

– Não posso precisar como começou o conflito, mas o estopim dessa política pode ser a construção da Arena. A diretoria do clube nunca disfarçou a irritação em ver a imprensa exigindo transparência e questionando contratos do estádio, que tem dois terços bancados com dinheiro público – avalia o jornalista Rodrigo Fernandes, editor de Esportes do jornal Gazeta do Povo.

Confira trechos da entrevista exclusiva concedida por Petraglia a Zero Hora, em que o presidente do furacão avalia a restrição ao trabalho da imprensa e fala sobre a conclusão da reforma na Arena da Baixada:

ZH – Qual a principal preocupação do clube hoje em relação aos prazos para a conclusão do estádio até o fim do ano?

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Petraglia – A demora nas liberações das parcelas do financiamento do BNDES, desapropriações faltantes, permuta dos prédios junto ao Exército Nacional e a decisão da implantação da usina de geração solar na cobertura do estádio.

ZH – Uma das inovações da Arena para a Copa é a instalação de um teto retrátil. Como funcionará essa tecnologia?

Petraglia – Praticamente a mesma utilizada para pontes rolantes industriais. O investimento é muito baixo, como não fez parte do projeto do estádio para a Copa do Mundo ainda não temos os valores definitivos. A opção foi em razão da necessidade de utilização do estádio para multiusos e do clima da nossa cidade.

ZH – O senhor não teme que a postura em relação à imprensa local possa prejudicar a imagem do clube como anfitrião da Copa?

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Petraglia – De forma alguma, vemos que a grande reação é das rádios, que faturam muito e nada pagam pelo conteúdo futebol. Entretanto, em centros mais abertos e esclarecidos temos tido a aceitação e o reconhecimento dos nossos direitos e objetivos.

ZH – Existe possibilidade de uma reaproximação com os meios de comunicação?

Petraglia – Jamais nos afastamos dos verdadeiros e imparciais parceiros, dos veículos que compram e pagam pelo espetáculo. Aqueles tendenciosos e destrutivos e que exploram o futebol usando-o sem nada pagar, com esses, nestas condições não temos nenhum interesse de aproximação e/ou parceria.

ZH – Qual a sua avaliação quanto aos preparativos nacionais para o Mundial? E em Curitiba?

Petraglia – Não estamos acompanhando as demais áreas, estamos centrados e focados no equipamento de nossa responsabilidade, o estádio, sem ele pronto e acabado não teremos os jogos e em consequência não haverá o evento Copa do Mundo em nossa cidade.