O ex-prefeito de Blumenau e ex-deputado federal Décio Lima (PT) disse que deve ser responsável por trazer para Santa Catarina a polarização que tem sido vista na política nacional nas eleições de 2022. A afirmação ocorreu em entrevista nesta sexta-feira (15) ao Diário Catarinense e à CBN Diário. Ele foi o segundo convidado da rodada de entrevistas que os veículos da NSC fazem com pré-candidatos ao governo de Santa Catarina nas eleições de 2022.
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Eleições 2022: quem são os pré-candidatos ao governo de SC a um ano da disputa
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Décio disse que no atual momento do país o partido dele, o PT, se tornou “depositário da esperança” de parte do eleitorado por conta da provável participação do ex-presidente Lula nas eleições de 2022. Nesse contexto, ele definiu a candidatura dele ao governo de SC como “praticamente irreversível”.
– A polarização, que às vezes os amigos da imprensa dizem que é entre direita e esquerda, eu digo que é entre o autoritarismo e a democracia, entre o ódio e o bem. Portanto, é uma pauta que traz essa responsabilidade. No meu caso, tenho uma tarefa que tenho anunciado desde quando assumi a presidência do PT: tirar o PT do isolamento político. Isso é pauta prioritária também em SC – afirmou.
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O pré-candidato foi entrevistado pelos apresentadores Mário Motta e Eveline Pôncio e pelo colunista do Jornal de Santa Catarina e do NSC Total, Pedro Machado. Reveja a entrevista no link abaixo e leia, a seguir, os principais pontos abordados por Décio:
Assista à entrevista
Possíveis alianças para 2022
Apesar de tratar a pré-candidatura dele ao governo como algo praticamente definido, Décio disse que não pretende conduzir o tema “com nenhuma soberba” e que o PT tem conversado com sete partidos do “campo democrático” – alinhados ideologicamente à esquerda e parceiros em outras eleições, como PDT, PSB e PCdoB. No entanto, não descartou alianças mais amplas, com adversários em outros anos ou siglas menos alinhadas ao PT.
Décio disse estar seguro de que a eleição de 2022 será decidida em dois turnos em SC, e que “ninguém ganha eleição em SC sem abrir diálogos mais amplos”.
– Temos que ter um amplo diálogo, e estamos tendo, com ex-governadores, com partidos que historicamente sempre tiveram diferenças conosco. Entretanto, quero dizer que o mundo real é uma frente dos partidos que vocês conceituam como de esquerda, isso no primeiro turno. Se alguém protagoniza algo, com racionalidade de poder ir para o segundo turno, e eu acredito que nós já teríamos essas condições, pela presença do lulismo, pela aglutinação e pelo resultado de 2018, no segundo turno vamos ter que abrir um amplo diálogo com todos os setores da política de SC – afirma.
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Como convencer o eleitorado de SC
Questionado pelo colunista Pedro Machado sobre como convencer o catarinense, que deu ampla votação a Bolsonaro em 2018, de que o PT seria uma alternativa, Décio disse não acreditar que o Estado seja absolutamente conservador. Como argumento, citou o fato de o PT já ter tido vitórias em prefeituras catarinenses, como os dois mandatos dele em Blumenau e outros resultados em Joinville, Itajaí, Criciúma e Chapecó.
– Já tocamos a vida do povo catarinense em vários momentos. O que acredito é que não tivemos as condições de poder protagonizar o conteúdo no ambiente democrático para o povo catarinense. E estou muito convencido de que esse ambiente está colocado para 2022 – defendeu.
Críticas a Moisés e Bolsonaro
Décio aproveitou o espaço para fazer críticas ao atual governo de SC definindo como “instável” e dizendo que o eleitor catarinense “infelizmente votou num número”. Apontou problemas na agricultura familiar, infraestrutura e criticou com ênfase a política de renúncias fiscais.
O pré-candidato do PT também não poupou críticas a Bolsonaro. Admitiu que ele foi eleito pela democracia, mas citou o uso de fake news na campanha eleitoral. Disse que o atual presidente não tem “nenhum valor humanista e de proteção da vida”, e destacou o fato de o país ter hoje 27 milhões de pessoas na faixa de pobreza e miséria.
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– É uma pauta que o Brasil não merecia e a democracia se permitiu a isso – afirmou.
Ciro Gomes
Sobre críticas feitas esta semana pelo presidenciável Ciro Gomes a Lula e Dilma, Décio disse que as falas “não são verídicas” e que “esses ataques não fazem bem para ninguém”.
– Não há mais espaço a isso, imaginar que vamos ter outro tipo de bolsonarismo. Não podemos levar a política a esse campo – afirmou.
Demora da BR-470
Questionado pelo apresentador Mário Motta sobre a BR-470, que teve entrega prometida durante o governo Dilma Rousseff, mas ainda não está concluída, citou o impeachment como causa do atraso nas obras.
– Com o golpe que interrompeu o mandato de Dilma, a primeira coisa (feita) foi limpar o orçamento da BR-470, que iria executar o restante das obras em dois anos – alegou.
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A série de entrevistas
As entrevistas com pré-candidatos a governador de Santa Catarina ocorrem nas próximas duas semanas, sempre às 10h, com transmissão da CBN Diário e dos canais digitais da rádio, do DC e do NSC Total. Oficialmente, a definição dos candidatos só ocorre nas convenções partidárias, três meses antes da eleição. No entanto, a série de entrevistas busca permitir que o eleitores comecem a se preparar para a escolha e a se conscientizar sobre a importância do voto.
A NSC também promove uma rodada de entrevistas com pré-candidatos à presidência da República em 2022. Já foram ouvidos nomes como Lula (PT), João Doria e Eduardo Leite (PSDB) e Luiz Henrique Mandetta (DEM).
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