Candidato ao governo de Santa Catarina, Gelson Merisio (PSD) concedeu entrevista exclusiva nesta quarta-feira para a Rádio Globo de Joinville. Ele disputa o segundo turno contra o candidato Comandante Moisés (PSL) no próximo domingo.

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Merisio falou sobre as mudanças na campanha em relação ao primeiro turno e a respeito de assuntos relacionados a Joinville e região. Entre os tópicos abordados, estão a polêmica com os licenciamento ambientais na cidade, os problemas da segurança pública e o custeio da folha de pagamento do Hospital São José, além de outras prioridades para a cidade, em caso de vitória no próximo dia 28.

Confira a entrevista completa:

Rádio Globo – O que o senhor mudou no segundo turno em relação à campanha do primeiro turno?

Gelson Merisio – Do ponto de vista de propostas e encaminhamentos do que pretendemos fazer par ao ano que vem, absolutamente nada. Até porque nossa campanha não foi feita de última hora. Ela foi construída há mais de dois anos, ouvindo a população, com discussão com especialistas, portanto não foi inalterada. Com relação ao processo político, este sim é um novo cenário, então temos que trabalhar.

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Rádio Globo – As medidas de contenção, como cortes de cargos comissionados e extinção de ADR’s, não poderiam ter sido tomadas antes pelo governo do PSD?

Merisio – Eu nunca fui governador, quero ser daqui para frente a partir de janeiro. Sempre defendi, em todos os cargos pelos quais passei, medidas como esta. Fui presidente da Assembleia e reduzi de 828 para 400 o número de cargos efetivos. Promovi cortes profundos nos privilégios, dando condições para que pudéssemos devolver para o governo mais de R$ 300 milhões. Eu tenho que falar da minha atuação como governador, caso venha a ser eleito. O que o ex-governador fez ou deixou de fazer quem tem que responder é ele. Eu era deputado estadual e presidente da Assembleia. Na minha atuação, sempre fui muito forte e duro na questão do gasto público.

Rádio Globo – Em 2016, o Governo do Estado admitiu que havia a falta de dinheiro para manutenção de rodovias estaduais e começou estudos de concessão de estradas, junto com rodovias federais. O senhor pretende dar continuidade a esse modelo?

Merisio – Não. Eu pretende fazer de um modelo diferente. Concessão é pedágio e sou contra pedágio e novos impostos. O que temos previsão é de fazer obras que tenham viabilidade econômica porque vão dar mais competitividade ao comércio local e desenvolvimento regional, buscando financiamento de longo prazo, se possível, porque temos limite para isso. E através dessas alavancagens fazer uma obra que, com o aumento da receita tributária, será paga. Não me agrada a concessão porque ela traz embutido um novo imposto. E imposto nos dias de hoje é inaceitável.

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Rádio Globo – Em Joinville, há uma polêmica envolvendo os licenciamento ambientais. O senhor defende que essa competência fique com o estado ou com o município?

Merisio – Tem que ser compartilhado. O que importa é que quem precisa das licenças, especialmente para desenvolvimento econômico, tenha a resposta rápida e com segurança jurídica. Ter o município licenciando é fundamental. Na minha visão, foi um equívoco do município o repasse ao Estado. O que temos de fazer agora, a partir de janeiro, Estado e município estruturarmos os institutos de meio ambiente municipal e estadual porque o interesse é o mesmo. Se o investimento sair em Joinville, ele ajuda Joinville e Santa Catarina. O órgão público é um só, seja ele municipal ou estadual. E nós precisamos, com sinergia, criarmos uma estrutura para que tenhamos respostas rápidas, com segurança jurídica e cautela com relação ao meio ambiente, mas permitindo que os R$ 70 bilhões que hoje dormem nas gavetas dos institutos aguardando licenciamentos possam ser ou realizados ou negados.

Rádio Globo – Se eleito, o senhor acredita que é possível atender aos pedidos das entidades empresariais feito por meio de uma carta apresentada aos candidatos?

Merisio – Além da carta que eles me entregaram, eu entreguei uma carta assinada para a Acij (Associação Empresarial de Joinville) com compromissos específicos para Joinville. Nenhum outro governador teve a coragem de fazer isso. Eu assinei esse compromisso, especialmente com relação a alguns acessos necessários para Joinville. O compromisso com o Corpo de Bombeiros Voluntários, da sua absoluta permanência e também da sua definição prioritária para Joinville, sem mais a concorrência dos Bombeiros Militares, o que é um absurdo. Os bombeiros militares tem de ser deslocados para municípios onde não tem atividade. E também assumi o compromisso que as duas principais secretarias de governo, de Desenvolvimento Econômico e Infraestrutura, serão ocupadas por joinvilenses, que têm perfis técnicos. Esses compromissos todos serão cumpridos na plenitude no tempo em que foi ajustado, além de ter mais 1 mil policiais já a partir do primeiro semestre do ano que vem, levando segurança pública para Joinville.

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Rádio Globo – Como fazer todas as contratações desses profissionais sem comprometer a folha de pagamento de Santa Catarina, para além dos limites legais?

Merisio – É simples. É só demitindo quem tem processo administrativo. Por exemplo, nós vamos extinguir 1,2 mil cargos comissionados, todos administrativos. Esses cargos pagam o salário de 2,5 mil policiais. E assim será com vários outros órgãos que serão extintos. Nós temos que substituir pessoas por processos tecnológicos em áreas administrativas, permitindo que quem ocupe a folha de pagamento seja o médico, o professor e o policial, que prestam o serviço ao cidadão e não podem ser substituídos. Eles precisam existir com número maior do que tem hoje.

Rádio Globo – O senhor acredita que é possível convencer esse número de profissionais para voltar à ativa na segurança pública?

Merisio – Nós temos um estudo feito há mais de um ano, ouvindo os policiais e pesquisando junto com eles o que seria necessário e de que forma isso seria possível. Nós temos 5.631 policiais dispostos a voltar voluntariamente se tiverem uma nova remuneração, com segurança jurídica e protegidos por uma emenda constitucional de que não haverá qualquer alteração em seu status atual de reservista. Tudo isso feito teremos seguramente eles dispostos a voltar porque é uma remuneração que lhes interessa e é uma nova função porque hoje eles estão no mercado privado buscando colocação. Não tenho nenhuma dúvida de que serão preenchidas essas vagas ainda no primeiro semestre do ano que vem.

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Rádio Globo – O senhor acredita que somente com a contratação dos novos policiais é possível resolver o problema da segurança pública no Estado?

Merisio – Claro que não. Associado aos policias, nós vamos investir R$ 2 bilhões em novas tecnologias, vamos fazer um fechamento das fronteiras com os demais Estados. Vamos fazer o controle do fluxo de informação dos presídios. E vamos fazer o envolvimento com a comunidade de forma que a segurança pública seja de fato a prioridade.

Rádio Globo – O senhor pretende tentar transferir alguma unidade de saúde ou construir uma nova para a gestão de uma organização social?

Merisio – Para mim, não é relevante o tipo de gestão que nós temos. O que importa é a resposta que ela dá à sociedade. Nós temos organizações sociais boas e ruins, temos filantrópicas que funcionam e outras que nem tanto. E nós temos um processo público, esse sim que precisa ser melhorado e muito porque consome 63% do recurso e atende 28% da demanda. Agora, o que precisamos fazer é construir um hospital espelho, em respeito a questão administrativa. E pela comparação com o ideal fazermos a remuneração aos demais que vão ter na eficiência a condição para receber subvenção. Nós anunciamos aí em Joinville que vamos assumir a folha de pagamentos do Hospital São José para permitir que a Prefeitura volte a ter a capacidade de financiamento de obras importantes para infraestrutura, em uma parceria muito grande com o Estado. Agora, mesmo o São José depois de ter a sua folha absorvida pelo Estado, ele terá ao longo do tempo critérios técnicos para cumprir para continuar recebendo essa subvenção e esses valores. Nós temos que premiar a eficiência em detrimento da ineficiência, independente se o modelo é público, municipal, estadual ou filantrópico.

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Rádio Globo – Se o senhor for eleito, quais são os principais pedidos ao futuro presidente da República?

Merisio – Nós temos que concluir a BR-280, que é um problema gravíssimo que nós temos no Norte do Estado. Temos que fazer a duplicação da BR-470 com a BR-282. Isso é fundamental. E na saúde nós temos um crédito de R$ 3 bilhões que a União nos deve e que precisam ser rapidamente pagos para que possamos atender melhor todos os hospitais, inclusive com relação a folha de pagamento do Hospital São José.

Rádio Globo – O senhor tem afirmado que o seu adversário tem uma relação com o MDB. Por que o senhor faz essa alegação?

Merisio – Não é uma alegação. Ela é óbvia. Já houve anúncio do governador em apoio ao candidato do PSL. Todas as principais lideranças do MDB estão o apoiando. Toda a estrutura de televisão da campanha do primeiro turno foi deslocada para a campanha do Moisés. Toda a estrutura política do MDB está do seu lado e para quem conhece o partido sabe que isso não é de graça. É um atrelamento que vai custar muito caro para o Estado. Se eu for governador, o MDB não estará no governo. Se o Moisés for o governador, com certeza absoluta o MDB continuará como está há 16 anos carregando um custo muito pesado para o catarinense, não permitindo que mudanças estruturais profundas na máquina pública aconteçam. Por isso, há mais de três anos eu defendi o rompimento da aliança com o MDB e não quero o apoio do MDB nem no segundo turno, diferente do meu opositor.

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Rádio Globo – Quais são os seus primeiros projetos a serem enviados para a Assembleia Legislativa no primeiro semestre?

Merisio – Reestruturar primeiro o Estado como uma organização enxuta, extinguindo todas as regionais e funções administrativas que podem ser substituídas por processos tecnológicos. Isso vai permitir uma mudança filosófica radical, reduzindo de 1,4 mil para apenas 200 o número de cargos comissionados. Isso requer uma mudança profunda de conceitos. Isso que nós faremos para a partir daí termos as condições para fazermos uma gestão que corresponda com serviços de qualidade ao cidadão catarinense.

Rádio Globo – O que fazer para tornar Santa Catarina ainda melhor?

Merisio – Primeiro falar a verdade. Dizer apenas aquilo que pode ser feito, não criando falsas ilusões. Com isso, ter o engajamento da sociedade na solução dos problemas principais. Para mim, a segurança pública é o grande problema que nós temos para enfrentar e temos que fazer com a sociedade, não apenas no governo. Reduzir e enxugarmos a máquina pública para permitir que a contratação de policiais e médicos possa ser efetivada. E fazermos um governo voltado para as pessoas que moram em Santa Catarina. Isso tudo somado vai fazer uma Santa Catarina ainda melhor. Para isso, eu peço o voto, especialmente, para o morador de Joinville. Fica meu apelo com o compromisso muito forte com a cidade de Joinville, que é a maior e mais importante cidade de Santa Catarina.

Ouça áudio na íntegra com a entrevista do candidato na Rádio Globo: