De algum ponto do planeta, enquanto excursiona com a sua banda Hot Chip, o produtor, guitarrista, DJ e piadista inglês Al Doyle envia as respostas por e-mail. O tempo e a cabeça dividem-se entre a promoção do novo álbum do Hot, In Our Hands, e outro projeto, o New Build, fruto da parceria com o amigo de banda Felix Martin e o músico Tom Hopkins. Mas o assunto que nos apetece é um terceiro: a performance no Dream Valley Festival. O músico pretende expor a sua boa mão de remixes, principalmente do Hot Chip, e testar a paciência da “multidão”.

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E Al Doyle trata de tudo, inclusive a experiência com cachaça na sua última passagem pelo Brasil – posterior a outra, em que acabou subindo o Morro da Mangueira à procura de discos de funk e tomou uma geral da polícia. Esse AD, um cara que leva a diversão a sério. Na vida e nas pistas.

O DJ se apresenta no festival no sábado, no palco Mystic Stage.

Munição não faltará para o seu set. Você vem de três respeitados projetos: Hot Chip, New Build e LCD Soundsystem. De que forma pretende impressionar a plateia do festival?

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Al Doyle – Bem, alguns fãs vão se surpreender com meu novo corte de cabelo. Fora isso, não haverá necessariamente uma surpresa específica. Talvez o som seja um pouco mais pesado do que poderiam esperar, e pode ser que escutem alguns remixes do Hot Chip que ainda não conhecem. Vou testar e reagir à multidão, então, se começarem a parecer entediados, lançarei uma “bola curva” neles.

Se ocorresse a possibilidade de você voltar em uma edição futura do Dream Valley Festival, qual projeto você consideraria mais apropriado: o Hot Chip ou o New Build?

AD – Adoro ser DJ, mas definitivamente prefiro tocar em uma banda. Não há comparação. Eu curto o desafio técnico de recriar músicas complexas em um set ao vivo, e amo a sensação de quando um grupo de músicos toca junto e algo intangível acontece. O sentimento é de estar criando um som muito além da soma das partes, e a unicidade disso que acontece com cada performance. Então, sim, será ótimo voltar ao Brasil com a banda toda!.

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Que tipo de influências você pretende mostrar ao público no seu DJ set?

AD – No momento, estou tocando bastante da música influenciada por Detroit. Kris Wadsworth, Carl Craig obviamente, Derick May etc., e o duo chamado Detroit Swindle que, na verdade, é de Amsterdã. E, também, coisas melódicas expansivas como Petar Dundov e Todd Terje. Quanto às bandas, ainda estou apaixonado por Human League, Brian Eno e seus projetos paralelos. Também ando muito interessado no álbum de Frank Ocean.

Sobre o LDC Soundsystem. O último show da banda está gravado em um filme que será lançado este ano no Brasil. Como foi o último show que vocês fizeram, em Porto Alegre, e a gravação no Madson Square Garden?

AD – Os últimos shows do LCD no Brasil são memórias um pouco nebulosas. Muita cachaça, provavelmente… Mas o público é sempre bonito e ótimo em dançar, então tivemos shows fantásticos por lá, que nos fizeram sentir muito bem-vindos. Sobre o show final no MSG, é difícil explicar o que estava se passando na minha cabeça, naquele ponto. Nenhum de nós podia realmente reconhecer a magnitude do que estava acontecendo – que nunca mais iríamos tocar juntos aquelas músicas.

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Havia algo que não podíamos pensar sobre, porque seria paralisante. Ao invés disso, tivemos que nos concentrar em tocar e fazer uma performance que chegasse ao topo da nossa habilidade, por nós e pelas milhares de pessoas na nossa frente. É triste que tenha acabado, mas estou tremendamente orgulhoso pelo que alcançamos e honrado por ter sido uma pequena parte disso.