Em menos de 30 dias, o empresário Adriano Silva, 42 anos, viverá sua primeira experiência na administração pública. Ele assumirá como prefeito de Joinville pela gestão 2021-2024, e terá não só os olhos da população joinvilense e de outros interessados pela cidade na região e no Estado voltados para suas ações, mas de parte do Brasil que observará também o primeiro prefeito eleito pelo partido NOVO.
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Para ele, ser um nome diferente em um partido que expõem as regras com as quais administra seus diretórios e também as cidades e Estados para os quais são eleitos — ele será o segundo eleito para um cargo no Executivo, e o primeiro é o governador Romeu Zema, eleito em 2018 em Minas Gerais — foi um dos diferenciais para ser escolhido em Joinville.
Em entrevista exclusiva para o A Notícia, feita por telefone com o prefeito eleito em sua casa, no bairro Saguaçu, já que foi diagnosticado com Covid-19 na última terça-feira (1º), Adriano reflete sobre a própria eleição, explica como está sendo executado o governo de transição e destaca os planos que são prioridade para a cidade.
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O senhor começou a campanha aparecendo em quarto lugar nas nossas pesquisas, empatado com outros candidatos que tinham perfil semelhante: empresários sem passado político. Por que o senhor acha que foi o escolhido? O que o diferencia de outros que buscavam a eleição?
Adriano Silva – Cada um tem a sua história, o seu passado. Acho que as pessoas que buscavam mais informações sobre mim encontravam facilmente na internet, que eu sou bombeiro e sobre as atividades sociais que sempre desenvolvi na cidade. Esse é um ponto. E também a questão que eu acho que foi um diferencial foi a do partido, por ser um partido com regras diferentes, que fazem uma política diferente. E isso as pessoas entenderam que era forte, ter pessoas novas mas também com um sistema político diferente para ter realmente uma mudança. Acho que isso foram coisas que ajudaram também a fazer com que nosso discurso chamasse a atenção.
O senhor conseguiu reverter resultados do primeiro turno em bairros mais afastados do Centro, que antes haviam optado por Darci de Matos. Mas existe uma “acusação” de que o senhor não conhece bem a realidade das comunidades mais afastadas.
Adriano – Bom, há 17 anos eu sou bombeiro socorrista, o meu último plantão foi uma semana antes de iniciar a campanha oficial. Como bombeiro socorrista, eu sempre tive acesso a todos os bairros e a entrar na casa das pessoas, fazer o socorro dentro da casa das pessoas. Então eu conheço, sim, a realidade do joinvilense. Conheço os bairros, de uma forma diferente mas, com certeza, conheço muito mais do que muito político que se diz conhecedor. Conheço a realidade nua e crua e no momento em que talvez as pessoas mais precisam. Então, essa é uma questão com a qual não me preocupo porque sempre fui muito empático com a cidade. Estive à frente da Central Solidária para fazer a coleta de doações e redistribuição nas áreas que são sempre atingidas por enchentes.
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E como foi o trabalho para reverter estes números no segundo turno?
Adriano – O segundo turno dá mais visibilidade para a gente. Imagina, tinha 13 segundos de televisão no primeiro, enquanto no segundo turno você passa a ter o mesmo tempo de televisão, mais debates, mais extensos e com mais tempo para realmente discutir ideias. E nos surpreendemos com a quantidade de voluntários nos bairros, indo às ruas, fazendo panfletagem, e isso fez grande diferença.
Como o senhor pretende oferecer melhores condições e assistência à população destes bairros, em especial a de baixa renda?
Adriano – O mais visível é o problema da pavimentação. Isso ainda choca a gente, porque entra ano, sai ano, e a gente vê pouca evolução nessa área de pavimentação. Mas, principalmente, na geração de lazer nos bairros. Nós vamos dar prioridade para que as praças voltem a ser ambientes seguros e com lazer, para que possa deixar perto da casa das pessoas essa opção. Nada mais democrático do que uma praça bem cuidada.
Mas de que forma isso pode ser feito? Com mais segurança, mais estrutura?
Adriano – O nosso projeto prevê um mutirão para deixar as praças bonitas, mas logo depois a gente irá flexibilizar o uso das praças por carrinhos de lanche. Eles pagarão uma taxa de aluguel e esse valor pode ser revertido em manutenção da praça. E quem vai fazer a fiscalização será o próprio cidadão, que irá responder a um questionário por aplicativo. Dependendo da nota que esse dono do carrinho de lanche tem, ele vai ter um desconto sobre o aluguel que ele pagaria para a prefeitura. A gente estimula o próprio prestador de serviço a cuidar da praça.
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Mas o senhor acredita que só ocupando a praça já irá garantir a segurança dela?
Adriano – Não é só ocupar, deixar ela bonita. Mas quando você passa a ter pessoas boas, famílias, já gera segurança na praça. Esse projeto também prevê a instalação de câmeras de segurança, justamente para que a Guarda Municipal, a Polícia Militar e a Polícia Civil possam combater os eventuais crimes.
Como único prefeito eleito pelo Novo, o senhor recebeu suporte do partido nacional no segundo turno. E agora, como está sendo o suporte na equipe de transição?
Adriano – O partido tem me ajudado muito na estruturação do time, na avaliação dos currículos. A gente já recebeu mais de 4 mil currículos, então, principalmente o diretório estadual tem nos ajudado muito na contratação de empresas especializadas em avaliação para que a gente possa fazer essa escolha tranquila dos times que estamos montando.
Mais de uma empresa está fazendo essa avaliação, por serem muitos currículos e pouco tempo para avaliar?
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Adriano – Nós temos seis voluntários que são especialistas em entrevista e seleção. E ainda estamos fechando com a empresa que vai fazer os testes de avaliação de nível comportamental e liderança.
Como foi a reunião com o prefeito Udo Döhler? No que o senhor já se inteirou em relação à prefeitura?
Adriano – Fomos muito bem recebidos pelo time do prefeito Udo. Ele está dando totais condições para termos acesso às informações, e estamos começando a discutir em conjunto algumas ações. Isso está sendo importante para fazermos a transição. Mas estou com Covid, em casa, e isso está prejudicando muito esse contato. Eu queria estar lá na prefeitura com o grupo de transição. Mas tenho conversado praticamente todos os dias com o Jean [Rodrigues da Silva], secretário de saúde, para que a gente possa participar das decisões e possamos ter um cuidado especial, principalmente, na questão de empregos. A todo decreto temos que tomar todo o cuidado para ter o menor impacto possível na questão de empregos. O meu time está entrando bem a fundo na parte financeira, recebendo todas as informações da Secretaria de Administração, e também sobre os contratos que existem e têm que ser refeitos. Essas são as prioridades para assumirmos, o administrativo e a Fazenda, para depois ir para as outras secretarias.
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O fato de ser o primeiro prefeito eleito pelo Novo no Brasil atrai atenção de todo o país, para avaliar como o senhor irá se sair. Como encara essa situação?
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Adriano – É uma grande responsabilidade, a gente tem aqui um grande desafio em Joinville. Mas o trabalho vai ser o mesmo, o mesmo tamanho da dedicação. E eu vejo isso como uma oportunidade, de mais portas se abrirem, que mais pessoas queiram que dê certo, e que essa visibilidade nacional abra portas nacionais.
No debate da NSC TV, o senhor mencionou que cobraria do seu oponente, o deputado federal Darci de Matos, as emendas parlamentares para obras de mobilidade que ele e seus aliados conquistaram para Joinville. O senhor e ele já conversaram após o segundo turno?
Adriano – Não recebi uma ligação dele, não conversamos.
Como pretende que seja essa relação com ele e outros deputados federais que representam Santa Catarina na Câmara de Deputados, e eram aliados dele na campanha?
Adriano – A melhor possível. Temos que deixar as diferenças do dia a dia para olhar o que é melhor para a cidade. E eu espero poder contar com Darci de Matos e Rodrigo Coelho para que eles continuem mandando as emendas para Joinville e a cidade ganhe com isso.
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O senhor assumirá a prefeitura da maior cidade do Estado em meio ao agravamento de casos de Covid-19 e após um ano inteiro de crise econômica. Como minimizar o impacto econômico de forma rápida? Pensa em defender mais liberações de recursos na União, defender isso diante do Governo do Estado?
Adriano – A gente estará sim tentando buscar contatos com Governo do Estado e Governo Federal, toda ajuda é bem-vinda. Sobre os decretos, temos que tomar muito cuidado para que eles não sejam uma ação imediata para acabar com emprego. E, a médio prazo, a gente tem que desburocratizar a cidade o quanto antes, para que outras empresas, outros negócios, sejam abertos para gerar emprego.
Quais são, na sua opinião, os assuntos prioritários para Joinville nos primeiros seis meses de governo? A pandemia não vale, já sabemos que ela é a preocupação principal.
Adriano – Desburocratizar, como já falamos muito. Isso é prioridade e precisamos resolver o quanto antes esse grande problema na cidade, e assim conseguiremos deixar este legado de novas empresas, novos empregos. Também o embelezamento da cidade. Vamos tomar todo o cuidado para que as praças tenham essa vida, e dar ao joinvilense uma cidade com flores, uma cidade de que todos tenham orgulho. E dar sequência em todo o trabalho de pavimentação que a gestão atual começou, devemos manter todos os projetos para que continuem avançando na cidade.
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