Numa roda de bebericos pelas bandas do Nova Brasília, um amigo perguntou sobre o que discutiríamos: física, mecânica de motores de navios ou os destinos da República? Me ajeitei na cadeira e disse-lhe que preferia falar de duas experiências recentes que tinha tido com hibiscos. Ele torceu o nariz, coçou o queixo e reprovou-me: “Hibiscos? Vais querer falar de flor? Isso nem pega bem pra dois caras da nossa idade”. Insisti: “Sim, de hibiscos, não seja preconceituoso. Ter aventuras com hibiscos para contar é para os fortes, sabia não?” E fui em frente, com o requinte de mostrar-lhe fotos que tenho guardadas no celular.

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Evento nº 1 – Numa viagem que juntou turismo e trabalho para um grupo de convidados, chegou o dia de comermos em um restaurante em que Dilma já havia jantado (é um registro que a casa, quando lá estivemos, fazia questão de exaltar). Serviram-nos vinho, o dono do lugar se apresentou e apareceu o chef, paramentado como tal, para falar da comida que nos dariam. Lá pela terceira passagem dos garçons pela mesa para renovar os pratos, numa chiqueza de dar gosto, o chef reapareceu e disse:

– Agora, experimentarão algo que dá muito nos jardins da terra de vocês.

O prato de hibisco para o paladar.

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E assim, com certo mistério, deixaram nos pequenos pratos fundos nos quais umas coisinhas nadavam numa calda. Comemos e lá veio o homem todo de branco de novo:

– Reconheceram o que comeram?

Ante nossa negativa, ele contou orgulhoso: era hibisco. Uma parte da flor, colhida para ir à mesa cheia dos preparos. Se gostamos? Me senti comendo compotas de sei lá o quê, mas nada falei. Bom mesmo estava o pedaço de filé mal passado que veio em seguida.

Evento nº 2 – O hibisco, prefiro-o desabrochado. Aliás, conto-lhes singular passagem. Há algumas manhãs, olhando as plantas e sorvendo o primeiro café do dia, notei flor diferente. Aproximei-me e, tomado de emoção, vi uma pétala de hibisco em duas cores. Aquele pé é de flores basicamente amarelas, um amarelo pálido. Está conosco há anos. E desta vez, após várias floradas, brindou-nos com aquela mutação lindíssima, que para os especialistas deve ser normal e facilmente explicável, mas aos olhos do leigo produz arrepios. Uma única pétala se diferenciava, estava tomada de um lilás (ou seria rosa?) que veio lá da parte funda da flor e ocupou o espaço do amarelo. Só em uma pétala. Um espetáculo. Acordei a família para que também contemplasse. Fiz fotos, chamei conhecidos. E cuido diariamente dos demais botões.

O que ainda me darão?