No acesso ao Parque Spitzkopf pela Rua Bruno Schreiber em Blumenau está o aviso: “Aberto só sábados e domingos 7h – 19h”. Visita de turistas que quiserem subir pela trilha de 936 metros até o topo da montanha que é referência na geografia da cidade ficam restritas aos fins de semana. Além da limitação nos dias para visita, a trilha do Spitzkopf _ que faz parte do Parque Nacional Serra do Itajaí (PNSI) _ , não tem mais condições de acesso até o pico desde meados de novembro.
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A primeira restrição, ocorreu porque o terreno logo na entrada do Parque Spitzkopf mudou de dono. Depois de pertencer à família Schadrack por mais de um século, passou a ser propriedade de outro dono. Foi este novo proprietário que alterou os horários de funcionamento do parque.
Ainda que a área tenha se tornado parque nacional por um decreto em 2004, a União ainda não indenizou os proprietários dos terrenos dentro do território de preservação ambiental. Por isso, cabe ao dono legal do imóvel todos os cuidados, da manutenção até permissão de acesso à propriedade, segundo Mario de Oliveira, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que gere o PNSI.
Outro motivo da restrição ao pico Spitzkopf são a falta de trafegabilidade da estrada e de condições de uso das trilhas que foram usadas por 2,5 mil visitantes até setembro de 2013. Oliveira detalha que a neve que caiu em Blumenau em julho do ano passado danificou a vegetação, ao ponto de tombar árvores sobre a passagem. Logo em seguida, vieram as fortes chuvas que resultaram em enchente em Blumenau e prejudicaram ainda mais as trilhas. As enchentes de 2008 e 2011 também deteriorou o local.
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Mais do que realizar estudos e planejar a recomposição dos acessos de acordo com o plano de manejo do parque, o assessor ambiental reforça a importância de enxergar o Morro Spitzkopf além da passagem impedida por corrente e cadeado.
_ O Spitzkopf é um atrativo natural que é um identificador da paisagem, tem uma relação cultural com as pessoas daqui. Não adianta só abrir a porteira e o visitante não ter condições de chegar ao topo do parque. Município, União e proprietários vão precisar discutir. É necessário concordância e garantir a melhor forma de visitação e ao mesmo tempo a conservação do parque.
A previsão é de que esta conversa entre autoridades e donos de terras dentro do parque ocorra ainda este mês. O secretário de Turismo, Ricardo Stodieck reconhece a importância histórica, ambiental e turística do Spitzkopf para Blumenau, mas desconhece a mudança de dono e afirma que a área é de total responsabilidade da União. Intendente do Distrito do Garcia, Antônio Tillmann, fala da necessidade de planejar o futuro do parque:
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_ Precisaria ter um plano para tornar tudo acessível, mas adequar a situação é um serviço de médio prazo.
Enquanto as entradas para o topo do Spitzkopf não reabrem por completo, quem gosta de passear até os topos de Mata Atlântica, pode escolher outras trilhas. Uma opção é a trilha do Morro do Sapo: no Parque das Nascentes _ também no PNSI _ são quatro quilômetros de caminhada de alta dificuldade, para percorrer em até quatro horas. No topo, a vertigem é um pouco menor. Ao invés dos 936 metros, a vista é de um mirante a quase 800 metros de altitude, com vista para o céu e a floresta.