A entrada do prédio da Polícia Federal, em Curitiba, onde o ex-ministro Sergio Moro deve depor neste sábado (2), virou palco de protestos em apoio ao ex-juiz da Lava Jato e de militantes do presidente Jair Bolsonaro.
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Moro chegou ao prédio da PF por volta das 13h15min, mas entrou pelos fundos, frustrando a expectativa dos manifestantes. A chegada inflamou ainda mais os ânimos dos militantes, que na maioria gritou palavras de ordem contra o ex-ministro. Ele irá falar sobre as acusações contra o presidente no dia em que pediu demissão do governo.
Desde a manhã, com alguns momentos de tensão entre os dois grupos e ataques contra a imprensa, cerca de 50 manifestantes se aglomeram no local, que também já abrigou a vigília em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto ele estava preso.
De um carro de som, os militantes pró-governo, mais numerosos, cantaram o hino nacional e gritavam palavras de ordem contra Moro, chamado na maior parte do tempo de traidor.
— Não fomos nós, foi você que sujou sua biografia — discursou Marisa Lobo, uma das manifestantes.
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Abordados pela reportagem da Folha, eles não quiseram dar entrevistas. Há idosos e crianças entre os militantes, que na maioria carrega bandeiras do Brasil e usa camisetas pró-Bolsonaro. Alguns estão sem máscara, equipamento de proteção obrigatório no Paraná para conter o novo coronavírus.
De outro lado, apoiadores da Operação Lava-Jato tentam contrapor o discurso majoritário.
— Vendiam camisetas do Moro, sobreviviam com a Lava Jato. E foram capazes de ir pra rua queimar a camiseta. Não têm mais moral essas pessoas — criticou a empresária Simone de Araújo. Menos de dez pessoas integram o grupo que usa camisetas e carrega faixas a favor da Lava Jato.
Simone conta que já fez parte do Acampamento Lava Jato, grupo que agora mudou de nome para apoiar Bolsonaro.
— Infelizmente a gente caiu na armadilha de novo. Se não fosse Moro, Bolsonaro não estaria na Presidência, o Lula estaria. Isso os bolsonarianos não reconhecem — diz a empresária.
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Até mesmo um apoiador de Lula queria acompanhar a chegada de Moro à PF.
— É a oportunidade de ver ele depor e prestar esclarecimentos ao país, não só em relação a esse episódio da saída do ministério. A divulgação o áudio da presidente Dilma com o Lula foi o estopim de tudo que a gente tá vivendo — afirma Álvaro Faria, servidor público do estado.
Com uma camiseta com o rosto de ex-presidente, ele foi hostilizado pelos demais manifestantes e acabou deixando o local.
A imprensa também foi atacada. Um dos manifestantes empurrou a câmera do cinegrafista da RIC, afiliada da rede a Record no Paraná, e iniciou uma confusão. Com um bandeira do Brasil, ele gritava palavras de ordem contra a Rede Globo. Ele foi contido por policiais e deixou o local.
Depois do episódio, a polícia resolveu separar o espaço em frente ao prédio da PF. De um lado, estão os apoiadores de Moro. De outro, de Bolsonaro. O espaço central ficou com a imprensa.
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